Foi na SX 28.05.1926, fez anteontem
86 anos: deu-se o golpe de Estado liderado pelo general Gomes da Costa, com
Mendes Cabeçadas e Óscar Carmona.
Continuação…
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O golpe de Estado de 28.05.1926
determinou uma ditadura militar que se prolongou por sete anos. Ministro das
Finanças nesse ínterim, e desde a eleição de Carmona para a presidência da
República em 1928, era Oliveira Salazar, que aí começou a sua ascensão ao poder
no qual se manteve em regime de ditadura até 1968, quando, por doença grave e
incapacitante, foi substituído por Marcelo Caetano que prolongou o regime
autoritário até à “Revolução dos Cravos”, em 25.04.1974, o golpe de Estado
dirigido e levado a efeito pelo MFA/Movimento das Forças Armadas.
Com este golpe encerrava-se novo
capítulo da República, que fora precedido de outro, o golpe de 05.12.1917, em
que Sidónio Pais intentou substituir o regime parlamentar por um
presidencialista, autoritário e corporativo. Para tanto, demitiu o presidente
(Bernardino Machado), o Governo (da União Sagrada, liderado por Afonso Costa) e
o Congresso, e proclama uma Junta revolucionária de que ele é presidente,
fazendo-se eleger directamente em plebiscito, ao arrepio do disposto na
Constituição (de 1911).
A Junta nomeia o Governo (de que
fazem parte elementos da mesma junta, como Sidónio Pais e Machado dos Santos).
“Nesta nova arquitectura do
sistema político, que os seus apoiantes designavam por República Nova, o Chefe
de Estado era colocado numa posição de poder que não tinha paralelo na história
portuguesa desde o fim do absolutismo monárquico. Daí o epíteto de
Presidente-Rei que lhe foi aposto. Nos seus objectivos e em muitas das suas
formas, a República Nova foi precursora do Estado Novo de António de Oliveira
Salazar.” [Wiki:
Sidónio]
“O Ministério da União Sagrada, ou
simplesmente União Sagrada, foi um projecto político surgido em 16 de Março
de 1916, uma semana após a declaração de guerra a Portugal pela Alemanha.
Este projecto tinha por base a união de todos os partidos políticos, como
resposta à nova conjuntura imposta pelos alemães.
Na prática, apenas dois partidos se
uniram: o Partido Democrático, liderado por Afonso Costa, e o Partido
Republicano Evolucionista, de António José de Almeida.
” [Wiki: União]
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O Governo da União Sagrada
liderado por António José de Almeida foi um dos mais duradouros da Primeira
República, vigorando de 16.03.1916 a 25.04.1917. Seguiu-se-lhe outro Governo da
União, mas com Afonso Costa a dirigi-lo. Foi este que caiu com o golpe de
Sidónio.
Em Setembro de 1918, porém, os
regimes que se discutiam já eram outros: esgrimiam-se os defensores do
instalado modelo presidencialista e os da restauração monárquica. Estes
instituíram, mesmo, a “Monarquia do Norte”, em Janeiro de 1919, com sede no
Porto.
É entretanto, em 14.12.1918, que
Sidónio é assassinado na estação do Rossio pelos seus adversários políticos. “Este acto trouxe de volta a instabilidade política,
desencadeou a fragmentação partidária e a insurreição popular que proporcionou
a intervenção do exército contra a política republicana e, a prazo, a
instauração de uma ditadura militar (1926).” [Info: Instauração]
Nos anos 20 manteve-se o sistema
dito de “multipartidarismo imperfeito”, de partido dominante e o clima político
era cada vez mais instável, enquanto a qualidade dos dirigentes e servidores do
Estado se degradava a olhos vistos.
A consequência da instabilidade e
da degradação foi a multiplicação dos movimentos revolucionários nos círculos
militares, acontecendo as intentonas de 05.03, de 18.04 e de 19.06.1921, de
menor importância, que se foram agudizando até que em Novembro de 1921 se
começa a desenhar a conjuntura que conduziria ao 28.05.1926.
É assim que o liberalismo
republicano é derrubado pelo golpe do 28 de Maio, “perpetrado
por um exército politizado, sobretudo a partir da entrada de Portugal na Grande
Guerra, mas pouco coeso porque se encontrava dividido em várias facções
organizadas” (desde os republicanos conservadores, passando pelos
chamados católicos sociais, que marcaram o século XIX, preparando o surgimento
da primeira encíclica papal sobre a questão operária até
aos fascistas). [Info: Instauração]
O regime que se havia
de chamar salazarista consolidou-se, portanto, a partir da Ditadura Militar.
Mas a ampla facção conservadora que a legitimava não era constituída por uma
massa homogénea, donde que durante a Ditadura, e dentro dela, tivessem surgido
conspirações e convulsões várias que se traduziram em golpes, palacianos, uns,
outros revolucionários.
Estes os golpes e movimentos internos da Ditadura, porque os houve também, é claro, contra ela: vulgo "reviralhismo". O “reviralho” alimentou “uma guerra civil latente entre 1926 e 1933, que teve os seus momentos chave na revolta do Porto de 1927 (Fevereiro) liderada pelo General Sousa Dias e em 1931 nas revoltas da Madeira e de Lisboa. Contudo, estes actos serviram para mostrar que a resistência era um fenómeno urbano minoritário.” [id]
Estes os golpes e movimentos internos da Ditadura, porque os houve também, é claro, contra ela: vulgo "reviralhismo". O “reviralho” alimentou “uma guerra civil latente entre 1926 e 1933, que teve os seus momentos chave na revolta do Porto de 1927 (Fevereiro) liderada pelo General Sousa Dias e em 1931 nas revoltas da Madeira e de Lisboa. Contudo, estes actos serviram para mostrar que a resistência era um fenómeno urbano minoritário.” [id]
Salazar, logo que escolhido para a
Pasta das Finanças, em Abril de 1928, instituiu uma autêntica "ditadura
financeira" (na expressão de António Costa Pinto), sobre o restante
executivo, até assumir a presidência do Conselho (Julho de 1932).
No ano de 1930 foi instituída, por decreto de lei, a União Nacional, o partido único que congregava os movimentos civis que estavam na base de apoio do novo regime. E passados 3 anos foi plebiscitada a nova Constituição (1933), que transformava o país (colónias inclusas) numa República Unitária e Corporativa.
Portugal vivia então sob uma ditadura do "Presidente do Conselho". A Assembleia Nacional encontrava-se dominada pela União Nacional e na Presidência da República mantinha-se o general Carmona que defendia os interesses da classe militar. A Censura cortava ou manipulava as mensagens da oposição ou “calava-a”, a Polícia Política perseguia-a e os tribunais especiais - Tribunais Plenários - deportavam ou encarceravam os seus membros.
No ano de 1930 foi instituída, por decreto de lei, a União Nacional, o partido único que congregava os movimentos civis que estavam na base de apoio do novo regime. E passados 3 anos foi plebiscitada a nova Constituição (1933), que transformava o país (colónias inclusas) numa República Unitária e Corporativa.
Portugal vivia então sob uma ditadura do "Presidente do Conselho". A Assembleia Nacional encontrava-se dominada pela União Nacional e na Presidência da República mantinha-se o general Carmona que defendia os interesses da classe militar. A Censura cortava ou manipulava as mensagens da oposição ou “calava-a”, a Polícia Política perseguia-a e os tribunais especiais - Tribunais Plenários - deportavam ou encarceravam os seus membros.
a Censura cortava ou
manipulava as mensagens da oposição ou “calava-a”
(faça zoom e veja os textos,
inclusive o provoca tório da Alfaiataria Moderna)
a PIDE perseguia-a
(cartoon não identificado
mas que me parece ter o traço de Abel Manta)
… e os Tribunais
Plenários deportavam ou encarceravam os seus membros
(repare na mordaça do
arguido)
Os cadernos eleitorais eram
manipulados sem que se procurasse esconder esse facto e os “resultados
esmagadores” de 99%.
O golpe de 1926 teve causas mais
próximas, como o movimento de 18.04.1925: “um
crescente descontentamento dos portugueses com a política do Partido Democrático
que, desprovido da sua ala radical, se tornou num partido conservador e
corrupto, alheio às causas da justiça social dos trabalhadores.” [Info:
1926]
Iniciado como mais um levantamento
no seio da Primeira República Portuguesa em derrocada, o golpe de 28 de Maio de
1926, protagonizado por militares da 8ª Divisão, cujos 15 000 homens marcharam
sobre Lisboa, veio originar o Estado Novo, formalizado com a aprovação da
Constituição de 33, “um sistema político autoritário, antidemoliberal e
anticomunista, nacionalista e corporativista, no contexto de uma lógica
formalmente republicana que era concretizada, no dizer do manifesto da União
Nacional de 1930, na ideia de uma República Nacional e Corporativa.” [Wiki: 1926]
Porém, em 9 de Julho do mesmo ano
de 1926, Gomes da Costa foi deposto e a chefia ficou
entregue aos generais Carmona e Sinel de Cordes. Com Carmona no Governo, é
então que ele se torna a figura agregadora e de equilíbrio entre as duas
facções que se confrontavam no interior do aparelho do Estado: uma que
considerava a ditadura como uma instituição provisória que se encerrava com o
saneamento que dela se esperava; outra: a que pretendia instaurar um regime
autoritário definitivo.
Além disso, o Parlamento foi dissolvido e a Constituição suspensa.
Instaurou-se então uma ditadura militar, na qual o Governo ficou com os poderes
do Congresso e do Ministério, tendo exclusividade em matéria legislativa. “Foi
na sequência deste golpe que chegou a presidente da República o general António
Carmona e que se criaram os alicerces políticos e institucionais da ditadura
que governou Portugal até aos inícios dos anos 70.” [Info: 1926]
Fontes:
Diversas. Entre elas:
-
[BU]:
Biblioteca/Enciclopédia/Universal, da Texto Editores. Entrada: Ditadura
-
[Info: 1926]: Infopédia, A Enciclopédia da Porto Editora. Entrada: Vinte e Oito
de Maio de 1926]
-
[Info: Instauração]: Infopédia, A Enciclopédia da Porto Editora. Entrada:
Instauração do Regime Ditatorial
-
[Maltez]: Leis Eleitorais, José Adelino Maltez, ISCSP/ Instituto Superior de
Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica de Lisboa
-
[Público]: Público de Domingo, 28 de Maio de 2006
-
[Wiki: entre-guerras]: Wikipédia a enciclopédia livre. Entrada: Período
entre-guerras
-
[Wiki: Franco]: Wikipédia, a enciclopédia livre. Entrada: João Franco]
-
[Wiki: progressista]: Wikipédia, a enciclopédia livre. Entrada: partido
progressista
-
[Wiki: Sidónio]: Wikipédia, a enciclopédia livre. Entrada: Sidónio Pais
-
[Wiki: União]: Wikipédia, a enciclopédia livre. Entrada: União Sagrada