nota
incluí, hoje, para ser visto a qualquer hora de qualquer dia, o chamado RELÓGIO DO MUNDO
é o primeiro dos links permanentes do blogue, portanto, colocado na coluna da direita, em cima, com o título A ESTA HORA, ASSIM VAI O MUNDO
não sou masoquista, mas penso que não podemos esquecer certas REALIDADES
sexta-feira, setembro 14, 2007
quinta-feira, setembro 06, 2007
“NO PASSADO 6 DE SETEMBRO DE 1968”
Há vilezas que nem a morte consegue branquear.
A um monstro ou a um tirano ou a um déspota ou a um ditador não pode bastar que se lhe lavem os pés para se colocar no altar dos bem-lembrados! Claro que não.
Quando, faz hoje 39 anos, Salazar foi operado na sequência da queda da mais badalada cadeira, em 03 de Agosto anterior, e ficou irremediavelmente perdido para a função que desempenhava, não se converteu num santo, nem passou a merecer a veneração que alguns, tanto ou mais que antes, lhe dispensavam. Tal como não passou a merecê-la 22 meses depois, ao sucumbir definitivamente (27JUL1970).
De forma nenhuma para muitos de nós.
A bicentenária tartaruga da historieta, afinal, sobreviveria mesmo. E longamente.
E ele, por mais eterno que, como qualquer ditador, se tenha imaginado, por mais benditamente imortal que alguns lhe tenham acenado ser a sua imagem e a sua memória, ele aí está, como todos, finito e pasto de vermes.
De nada serve, aos tiranos e ditadores, a vã glória de tanto terem despoticamente dominado. O sangue que fizeram correr, inocente e injustamente, o sofrimento que provocaram a tantas e tantas das suas vítimas, não lhes darão nunca o descanso que imaginaram ter garantido.
Mas melhor que eu recorda, em curto espaço, o jornalista do Público, hoje, na rubrica diária “no passado” e que deu o título a esta memória, os factos. Texto que, curiosamente, é acompanhado, na edição impressa pela imagem que se segue. (Imagem recuperada através do próprio Público, em 10.09.07, e que substitui a anterior, que não estava em condições)
a habitual, não a da efeméride
(O texto que acompanhava a imagem anterior)
“SALAZAR OPERADO DE URGÊNCIA
Uma testemunha ocular, citada pelo Diário de Notícias, viu-o chegar ao Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, pelas 23h15 deste dia 6 de setembro de há 39 anos. António de Oliveira Salazar saía do automóvel, “pelo seu pé, sem gravata”. Acompanhavam-no os médicos Vasconcelos Marques e Bissaia Barreto e o director da PIDE/DGS, major Silva Pais. No átrio, aguarda-o uma cadeira de rodas, “que só assentiu em utilizar a rogo do dr Vasconcelos Marques”.
Menos de quatro horas depois, o ainda então Presidente do Conselho – vítima da queda de uma cadeira, cinco semanas antes, na sua residência de Verão, no Estoril – era submetido a uma operação cirúrgica, que consistiu na aspiração e remoção de um hematoma intracraniano subdural, praticada “sob anestesia local, por implicações de ordem técnica”.
Contará o jornal, no estilo untuoso da imprensa oficial ou oficiosa da época, que o doente, “que suportou toda a operação sem um gemido, concitou por isso mesmo toda a admiração de todos quantos participaram na intervenção ou a ela assistiram”.
“Com o profundo afecto de sempre”, o ditador Franco telegrafou, de bordo do iate Açor, os seus “ardentes votos” de “rápido e feliz restabelecimento”.
Ainda antes de os portugueses tomarem conhecimento da “inesperada e algo dramática” notícia, às 9 horas da manhã, “pela voz timbrada do locutor Pedro Moutinho”.
Sublinha o jornal: “o optimismo é comum a toda a equipa cirúrgica e clínica”. Em 16 deste mesmo mês porém, entra em estado de coma e dez dias depois é substituído por Marcelo Caetano.
Em estado semivegetativo, Salazar continuará, durante meses, a dar audiências, a presidir a reuniões, a conceder entrevistas. Como se ocupasse ainda a cadeira do poder. Numa espantosa encenação, sem precedentes na História de Portugal. A.G.”
Mas mais curioso ainda é que, na edição online do jornal, e só nessa, além daquela imagem, uma outra está disponível: a que se segue, que deixa transparecer a perplexidade em que os boys de então se encontravam...
quarta-feira, setembro 05, 2007
VIAJANDO NO PORTUGAL PROFUNDO
CATRIBANA E SAMARRA
Em Catribana – localidade da freguesia de S. João das Lampas (concelho de Sintra) não muito longe da Cortesia e da Assafora (outras aldeias da mesma freguesia), existem dois vestígios de vias romanas: um resto de uma calçada e uma pequena ponte. Ambas do séc. III da nossa era.
Os três slides seguintes mostram duas perspectivas da ponte romana e uma da calçada.
A ponte atravessa a ribeira de Bolelas (que, segundo alguns, naquele ponto já se chama da Samarra, nome da praia que lhe serve de foz, um pouco adiante).
Catribana é povoação velha de séculos, como se calcula. Bastante provavelmente a palavra será de etimologia árabe, talvez significando ponte.
Nessa aldeia, melhor dito, no seu termo, ainda que um pouco afastado do povoado, consta terem sido realizadas sondagens arqueológicas que revelaram a existência de restos de pavimentos em mosaico e alguns fragmentos de cerâmica.
Até por se ter tratado de meras sondagens, nenhuma dessas preciosidades se encontra, por aí, patente ao público.
Não obstante as pesquisas arqueológicas, em meados do séc passado, e, mesmo, a classificação legal do conjunto (calçada-ponte) como imóveis de interesse público (IIP), já nos anos 90 do mesmo século, a verdade é que são património que continua ao mais completo abandono.
A calçada romana, a escassa centena de metros da povoação, quando muito, apresenta-se em fragmentos intermitentes por uma extensão máxima de cerca de uns 50 metros, se tanto. A sua identificação é óbvia para alguém minimamente sensibilizado para estas matérias.
Não se vislumbra porque motivo (embora seja imaginável), mas a calçada denomina-se, hoje, “caminho do castelo”. Na verdade, não se lobriga, por ali, qualquer vestígio de construção castrense.
A ponte encontra-se ao fundo de uma ladeira, em caminho estreito de terra batida, umas largas centenas de metros também fora da povoação. É de arco único e tem parapeito.
De salientar, ainda, que, pela mesma altura (em 1948), foram descobertos, muito próximo de Catribana, vestígios de materiais de um eventual povoado neolítico (Pedranta, aventam, alguns, a hipótese de que se tenha assim chamado), de cerca de 4 000 anos a. C. Tratava-se de recolhas feitas à superfície, mas também é referida a descoberta de uma jazida, no topo Norte da praia, com ossadas de mais de cem pessoas.
Mas, melhor que eu, fala disto tudo Carlos Pinheiro, no site Malha Atlântica. Assim, veja, deste autor: texto e fotos sobre os vestígios romanos; mais fotos sobre os mesmos vestígios.
De notar que hoje não se pode admirar uma tão grande extensão seguida de calçada, como a que se acaba de ver na foto anterior.
Ver ainda, no site do IPPAR/MC, a importante nota histórico-artística: calçada e ponte romanas e azenhas na Catribana.
Falamos de Catribana. E, como foi referido de raspão, ali, a dois passos, fica uma praia de pescadores, de muito difícil acesso por terra, já que a costa, de altas escarpas, só mesmo por tormentosos e íngremes carreiros permite chegar lá. É a praia da Samarra.
Vê-se, por vezes, uma ou outra pessoa – de certa idade, sobretudo – de cadeirinha de lona, fechada, na mão, a caminho desta zona, onde se sentam horas a fio em baldio sobranceiro ao mar, no alto das arribas alcantiladas, beneficiando de um rico ar iodado...
Ultimamente vêem-se, também, muitos jovens demandando esta praia levados, inclusive, pelo exercício propiciado pelo respectivo acesso.
Veja-se esta sequência de slides sobre a praia da Samarra.
A praia, em si, é uma pequena enseada, de areal pouco extenso, não muito abrigada e com aspecto pouco acolhedor, em virtude do “corredor” aberto pelo sulco da antiga ribeira, na convergência dos dois cabeços que se elevam de cada lado. De todo o modo, de ares muito saudáveis, já que rica em iodo e despoluída...
Mas, e chegar lá por terra?!...
Há tanto mundo para ver!
Até mesmo aqui dentro dos nossos muros...
Quase à nossa porta!
Em Catribana – localidade da freguesia de S. João das Lampas (concelho de Sintra) não muito longe da Cortesia e da Assafora (outras aldeias da mesma freguesia), existem dois vestígios de vias romanas: um resto de uma calçada e uma pequena ponte. Ambas do séc. III da nossa era.
Os três slides seguintes mostram duas perspectivas da ponte romana e uma da calçada.
A ponte atravessa a ribeira de Bolelas (que, segundo alguns, naquele ponto já se chama da Samarra, nome da praia que lhe serve de foz, um pouco adiante).
Catribana é povoação velha de séculos, como se calcula. Bastante provavelmente a palavra será de etimologia árabe, talvez significando ponte.
Nessa aldeia, melhor dito, no seu termo, ainda que um pouco afastado do povoado, consta terem sido realizadas sondagens arqueológicas que revelaram a existência de restos de pavimentos em mosaico e alguns fragmentos de cerâmica.
Até por se ter tratado de meras sondagens, nenhuma dessas preciosidades se encontra, por aí, patente ao público.
Não obstante as pesquisas arqueológicas, em meados do séc passado, e, mesmo, a classificação legal do conjunto (calçada-ponte) como imóveis de interesse público (IIP), já nos anos 90 do mesmo século, a verdade é que são património que continua ao mais completo abandono.
A calçada romana, a escassa centena de metros da povoação, quando muito, apresenta-se em fragmentos intermitentes por uma extensão máxima de cerca de uns 50 metros, se tanto. A sua identificação é óbvia para alguém minimamente sensibilizado para estas matérias.
Não se vislumbra porque motivo (embora seja imaginável), mas a calçada denomina-se, hoje, “caminho do castelo”. Na verdade, não se lobriga, por ali, qualquer vestígio de construção castrense.
A ponte encontra-se ao fundo de uma ladeira, em caminho estreito de terra batida, umas largas centenas de metros também fora da povoação. É de arco único e tem parapeito.
De salientar, ainda, que, pela mesma altura (em 1948), foram descobertos, muito próximo de Catribana, vestígios de materiais de um eventual povoado neolítico (Pedranta, aventam, alguns, a hipótese de que se tenha assim chamado), de cerca de 4 000 anos a. C. Tratava-se de recolhas feitas à superfície, mas também é referida a descoberta de uma jazida, no topo Norte da praia, com ossadas de mais de cem pessoas.
Mas, melhor que eu, fala disto tudo Carlos Pinheiro, no site Malha Atlântica. Assim, veja, deste autor: texto e fotos sobre os vestígios romanos; mais fotos sobre os mesmos vestígios.
De notar que hoje não se pode admirar uma tão grande extensão seguida de calçada, como a que se acaba de ver na foto anterior.
Ver ainda, no site do IPPAR/MC, a importante nota histórico-artística: calçada e ponte romanas e azenhas na Catribana.
Falamos de Catribana. E, como foi referido de raspão, ali, a dois passos, fica uma praia de pescadores, de muito difícil acesso por terra, já que a costa, de altas escarpas, só mesmo por tormentosos e íngremes carreiros permite chegar lá. É a praia da Samarra.
Vê-se, por vezes, uma ou outra pessoa – de certa idade, sobretudo – de cadeirinha de lona, fechada, na mão, a caminho desta zona, onde se sentam horas a fio em baldio sobranceiro ao mar, no alto das arribas alcantiladas, beneficiando de um rico ar iodado...
Ultimamente vêem-se, também, muitos jovens demandando esta praia levados, inclusive, pelo exercício propiciado pelo respectivo acesso.
Veja-se esta sequência de slides sobre a praia da Samarra.
A praia, em si, é uma pequena enseada, de areal pouco extenso, não muito abrigada e com aspecto pouco acolhedor, em virtude do “corredor” aberto pelo sulco da antiga ribeira, na convergência dos dois cabeços que se elevam de cada lado. De todo o modo, de ares muito saudáveis, já que rica em iodo e despoluída...
Mas, e chegar lá por terra?!...
Há tanto mundo para ver!
Até mesmo aqui dentro dos nossos muros...
Quase à nossa porta!
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