terça-feira, julho 31, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA - II


Foi no SB 30.07.1898, fez ontem 114 anos: morreu Otto von Bismarck, político alemão, aos 83 anos.

Continuação…



A Prússia foi um reino alemão de 1701 a 1918 e, a partir de 1871, o principal Estado-membro do império germânico, constituindo a sua maior unidade territorial e administrativa que compreendia quase dois terços da área do Império Alemão (1871-1918), da República de Weimar (1919-1933) e do Terceiro Reich ou Alemanha Nazi (1933-1945). [Wiki 1]



A Prússia dentro do Império Alemão, 1871-1918
(abrangia Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Lituânia, Polónia,
República Checa e Rússia. Capital: Berlim)
(Extinta, de facto, em 1934 pelos nazis; e de jure, em 1947 pelos aliados)

Seu nome teve origem no território da Prússia, embora sua base de poder tenha sido o território de Brandemburgo. (Eleitor de Brandemburgo: um dos sete eleitores do Sacro Império Romano-Germânico, a partir de 1356. A partir de 1417, o título pertenceu à Casa de Hohenzollern. Desde 1618, os eleitores adquiriram também o título de Duque da Prússia e em 1701 se tornaram Reis da Prússia. O título de Eleitor de Brandemburgo deixou de ser usado depois da dissolução do Império em 1806.) [Wiki 1]

Embora Carlos Magno tivesse sido o primeiro Sacro Imperador Romano -  coroado em 25 de Dezembro de 800 pelo papa Leão III - a linha contínua de imperadores começou apenas com Oto, o Grande, em 962. O último imperador foi Francisco II, que abdicou e dissolveu o império em 1806 durante as Guerras Napoleónicas. [Wiki 2]

Carlos Magno era filho de Pepino, o Breve, rei dos francos (de 751 a 768) e neto de Carlos Martel.
Foi ele o fundador do Império Carolíngio – o apogeu do Reino Franco (ocupando a região central da Europa) que ele expandiu com a conquista da Saxónia (um dos 16 estados federados da Alemanha, localizado no leste do país, com capital em Dresden), Lombardia (região da Itália setentrional, com capital em Milão), Baviera (outro dos 16 estados federados da Alemanha, localizado no sudeste do país, com capital em Munique) e uma faixa da actual Espanha. [Império]

Segundo outros autores, creio que a maioria, a dinastia Carolíngia foi iniciada por Pepino, o Breve, já que foi ele que destituiu o último representante da dinastia Merovíngia, na Gália, sucedendo-lhe como rei dos francos, no ano de 751. [Info 1]. Dinastia carolíngia, por certo, em homenagem a seu pai (Carlos Martel), ainda que tenha sido outro Carlos (Carlos Magno, filho daquele e neto deste) quem mais a celebrizou.

Mas Carlos Magno – a quem um dia o papa João Paulo II chamou “o Pai da Europa” -, foi também imperador do Sacro Império Romano-Germânico, cujo poderio militar e extensão territorial variou durante sua história. No seu ápice englobou os territórios dos modernos Estados da Alemanha, Áustria, Suíça, Liechtenstein, Luxemburgo, República Checa, Eslovénia, Bélgica, Países Baixos e grande parte da Polónia, França e Itália.
“Apesar de seu nome, na maior parte da sua existência o Sacro Império Romano-Germânico não incluiu a cidade de Roma em seus domínios, e recebeu este nome em homenagem as glórias e ao poder que o Império Romano deteve em quase todo o continente europeu.” [Wiki 2]

De Carlos Magno escreveu um autor: "...seu império uniu a maior parte da Europa Ocidental pela primeira vez desde os romanos e a Renascença carolíngia encorajou a formação de uma identidade europeia comum". [apud Wiki 3]

A Confederação da Alemanha do Norte foi instituída em 1867 a partir da dissolução da Confederação Germânica, uma associação política e económica (a partir de 1834) dos principais territórios de língua alemã, criada no Congresso de Viena de 1815, sob hegemonia austríaca, que sucedeu ao milenar Sacro Império Romano-Germânico, dissolvido em 1806 pelas invasões napoleónicas. Essa dissolução acontece em 1866, após a vitória prussiana na Guerra Austro-Prussa que ditou a falência do predomínio do império austríaco nos territórios de língua alemã em favor da hegemonia prussiana nesses domínios.

Sintetizando, a Confederação Germânica nasceu a 08.06.1815, sob a hegemonia da Áustria, a partir da Confederação do Reno (constituída por Napoleão em 12.07.1806 e integrando os 16 estados alemães), do Império Austríaco e do Reino da Prússia. Ao dissolver-se, em 23.08.1866, desmembrou-se na Confederação Norte-alemã (formada em 1867, após a dissolução da Confederação Germânica, integrada por 22 estados do norte da Alemanha, luteranos, só durou até à fundação do [segundo] Império Alemão, em 1871), Império Austríaco, Reino da Baviera, Reino de Vurtemberga, Grão-ducado de Baden, Grão-ducado de Hesse e Grão-ducado de Luxemburgo. Como vimos acima, a capital da Confederação era Frankfurt, e a presidência cabia à Áustria. [Wiki 4]

Os países actuais, cujos territórios estavam total ou parcialmente localizados dentro das fronteiras da Confederação Germânica (1815-1866), são:
- Alemanha (todos os estados),
- Áustria (todos os estados excepto Burgenland)
- Luxemburgo (todo o território)
- Liechtenstein (todo o território)
- Países Baixos (província de Limburgo - A província juntou-se à Confederação depois de 1839)
- República Checa (todo o território)
- Eslovénia (excepto Prekmurje)
- Polónia (durante a vigência da Confederação quatro províncias, mais parte  da Silésia); temporariamente: província de Posen (actual Poznań), anteriormente sudeste da Prússia, anteriormente cidade livre de Danzig (actual Gdansk)
- Bélgica (comunidade belga germanófona e alguns outros territórios no leste da província de Liège); a província de Luxemburgo deixou a Confederação quando aderiu à Bélgica em 1839
- Itália (duas regiões autónomas do norte, num total de 6 províncias)
- Croácia (condado da Ístria)
- A coroa dinamarquesa foi membro somente por sua qualidade de chefe do ducado de Holstein, parte do Schleswig-Holstein, um dos 16 estados federais da Alemanha, o mais setentrional do país. A outra parte, Schleswig, primeiro aderiu como parte do Reino da Prússia em seguida à Guerra dos Ducados (1864). [Idem]

À formação da Confederação da Alemanha do Norte, em 1867, seguiu-se a guerra franco-prussiana, a pretexto da posição (negativa) da França relativamente à candidatura do príncipe Leopoldo de Hohenzollern (primo de Guilherme I da Prússia) ao trono de Espanha [GEPB], que as Cortes espanholas lhe ofereciam, na sequência da abdicação forçada de Isabel II (revolução de 1868). Os exércitos de Napoleão III, vencidos em Metz e Sedan, capitulam (1870). Em Janeiro de 1871 é proclamado no salão dos espelhos de Versalhes o Segundo Império Alemão, isto é, o predomínio e o controlo da Prússia sobre a Alemanha setentrional. Bismarck é nomeado chanceler e recebe o título de príncipe. Ao mesmo tempo, Bismarck procurou alicerçar todo o seu trabalho através da Tripla Aliança. [Varanda]

Tripla Aliança é o “pacto, originalmente de carácter defensivo, entre a Alemanha, o império Austro-húngaro e a Itália contra uma eventual agressão por parte da França ou da Rússia.” [Info 2] O pacto foi assinado “formalmente em 20 de Maio de 1882” [Wiki 5] e renovado pela derradeira vez em 1912, mas durante a I Grande Guerra foi abandonada pela Itália, pondo fim à aliança em 1915.

Já a designada Tríplice Entente era uma aliança militar feita entre o Império Britânico, a França e o Império Russo após a assinatura da Entente Anglo-Russa em 1907. A Aliança Franco-Russa de 1871 (que se opunha àquela Trilpla Aliança que incluía a Alemanha), juntamente com a Entente Anglo-Russa de 1907 e a Entente Cordiale de 1903 (Entente Cordiale é um nome dado ao bloco formado pela República da França e pelo Império Britânico, com seus aliados na Primeira Guerra Mundial.), formaram a dita Tríplice Entente, entre a França, o Império Britânico e a Rússia. [Idem]

Por mor da Tripla Aliança, Bismarck “teve de enfrentar dificuldades com a igreja católica romana e o movimento socialista, devido às quais Guilherme II o forçou a demitir-se, a 18 de Março de 1890.” [BU]

Duas etapas tinha previsto o «chanceler de ferro» para atingir a unificação definitiva do país: conseguiu, depois da guerra de 1866 contra a Áustria, que Viena cedesse a Berlim a preponderância no mundo germânico (1ª etapa). Na segunda etapa, precipitou com o despacho de Ems (documento histórico que Bismarck amputou, encurtando-o e transformando-o numa afronta aos franceses) a declaração de guerra da França à Prússia, em 19.07.1870, ardil que ia, afinal, ao encontro da vontade de Bismarck no respeitante àquele objectivo. [Wiki 6]

A nova política mundial iniciada por Guilherme II da Alemanha em 1890, já demitido Bismarck de chanceler do Império, fez com que as três potências (França, o Império Britânico e Rússia, recordo) que apresentavam diferenças significativas entre si, se aproximassem e, eventualmente, se coligassem. Esta aliança foi um dissuasor eficaz contra a Tripla Aliança (Alemanha, a Áustria-Hungria e a Itália, relembro) e também um plano dos franceses para cercar a Alemanha, já que o seu objectivo principal era barrar o pangermanismo e as expansões alemãs e austro-húngaras pela Europa. [Wiki 5]

A História regista vários outros tratados com esta designação de Tripla Aliança, como a de 1668 entre a Inglaterra, a Holanda e a Suécia; a de 1717, entre a França, a Inglaterra e a Holanda, à qual aderiu a Áustria em 1718; a de 1788, entre a Prússia, a Inglaterra e a Holanda; e a de 1795, entre a Rússia, a Áustria e a Inglaterra.

Em matéria de política interna, Bismarck foi moderado e contemporizador, e o êxito nem sempre acompanha as suas iniciativas. Por exemplo, as teorias proteccionistas que ele preconiza não são totalmente admitidas pelo parlamento. Entre 1872 e 1880, Bismarck desencadeia a luta pela cultura, mas numa perspectiva protestante, logo, com a oposição dos católicos e da igreja de Roma. “A partir de 1881, Bismarck, que há alguns anos mantém contactos com Ferdinand Lassalle” (considerado um precursor da social-democracia alemã), impulsiona uma importante e inovadora legislação social, “convencido de que apenas a acção do Estado pode fazer oposição e neutralizar as ideias revolucionárias”. [Varanda]

“Também nessa altura, iniciou uma série de reformas administrativas, criando uma unidade monetária comum, um banco central e um código civil e criminal.” E é ainda na década de 1880 que institui as mencionadas medidas inovadoras, como a que o tornou o “primeiro estadista europeu a criar um sistema de segurança social justo, oferecendo aos trabalhadores seguro de acidentes, de doença e de velhice.” Contudo, a partir de 1890, com o imperador Guilherme II no poder, as suas políticas começaram a ser postas em causa e atacadas, e vão crescendo as divergências com o Kaiser, sendo obrigado a demitir-se do cargo de chanceler em 18.03.1890, como já aludido. [Info 3]
O imperador aceita imediatamente esta demissão e, “chutando-o para cima” (na gíria empresarial e política), fá-lo duque de Lauenburg e promove-o a coronel-general da cavalaria. [Varanda]

Já em questões de política externa, como vimos, revelou-se um dos estadistas mais importantes da cena internacional europeia do século XIX. A partir de 1871, depois da criação do Império Alemão, conseguiu alianças importantes e planeou uma série de acções diplomáticas que asseguraram a posição da Alemanha e a paz na Europa, tornando-se um notável mediador entre as grandes potências. [Info 3]

Bismark tornou-se, assim, no “estadista mais importante da Alemanha do século XIX. Coube a ele lançar as bases do II Reich (1871-1918), que fizeram com que o país, superando a existência de mais de 300 entidades políticas diferentes, conhecesse pela primeira vez na sua longa história a existência de um Estado-nacional único. Para tanto, para formar a unidade alemã, Bismarck desprezou os recursos do liberalismo político - baseado no consenso ou no voto das maiorias extraído das práticas parlamentares -, apostando sempre numa política de força (dita de sangue e ferro), moldando assim o novo Estado alemão dentro da blindagem do antigo sistema autoritário prussiano.” [SCHILLING]

“Alguns historiadores observam que devido ao regime autoritário de Bismarck a democracia alemã posteriormente na república de Weimar falharia, iniciando-se o regime ditatorial do Terceiro Reich.” [Wiki 6]

O campeão da unificação alemã morre com a idade de oitenta e três anos, retirado nas suas terras de Friedrichsruh e após ter escrito as suas memórias Gedenken und Erinnerungen (Pensamentos e Recordações). [Varanda]

assinatura de Bismarck



Principais fontes:
- [BU]: Biblioteca/Enciclopédia Universal, a enciclopédia da Texto Editores; entrada: Otto von Bismarck
- [GEPB]: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira; entrada Bismarck; vol 4, pgs 746/7
- [Império]: site Império Carolíngio
- [Info 1]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: Império Carolíngio.
- [Info 2]: Infopédia…; entrada: Tripla Aliança.
- [Info 3]: Infopédia…; entrada: Otto von Bismarck
- [SCHILLING]: História - Mundo - Bismark e a Vontade do Poder, por Voltaire Schilling, site educaterra
- [Varanda]: Site Vidas Lusófonas – Varanda sobre o Tempo e o Vasto Mundo; entrada Otto von Bismarck
- [Wiki 1]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: Reino da Prússia
- [Wiki 2]: Wikipédia…; entrada Sacro Império Romano-Germânico.
- [Wiki 3]: Wikipédia…; entrada Carlos Magno.
- [Wiki 4]: Wikipédia…; entrada: Confederação Germânica.
- [Wiki 5]: Wikipédia…; entrada: Tríplice Aliança.
- [Wiki 6]: Wikipédia…; entrada: Bismarck.






segunda-feira, julho 30, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA - I



DECORRE O 12º ANO DO 3º MILÉNIO
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 30 DE JULHO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4708-4709 do calendário chinês
Ano 5772-5773 do calendário hebraico
Ano 1433-1434 da Hégira (calendário islâmico)
Ano 1461 do calendário arménio
Ano 1390-1391 do calendário Persa
e relativamente aos calendários hindus:
- Ano 2067-2068 do calendário Vikram Samvat
- Ano 1934-1935 do calendário Shaka Samvat
- Ano 5113-5114 do calendário Kali Yuga

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado
2012 é o
ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS

"A política não é uma ciência exacta, mas uma arte", “a arte do possível”
Otto von Bismarck
“O importante é fazer história, não escrevê-la.”
Idem

Otto von Bismarck

Foi no SB 30.07.1898, há 114 anos: morreu Otto von Bismarck, político alemão, aos 83 anos.

O mapa político do Ocidente era o seguinte:
- Guilherme II era rei da Prússia e Imperador (Kaiser) da Alemanha, de que foi o último representante, quer numa quer noutra qualidade: a derrota do Império Alemão na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) levou à abdicação e exílio de Guilherme e à queda do poder da Casa dos Hohenzollern, assim como o fim do Império Alemão.
Foi dele que Bismarck foi primeiro-ministro (enquanto rei da Prússia), de 1862 a 1890, e chanceler (enquanto kaiser da Alemanha), de 1871 a 1890, demitindo-o destas funções em 18.03.1890, substituindo-o nestes cargos por Leo von Caprivi.
- Decorria o longo reinado da rainha Vitória (61), da Casa de Hanôver, trisavó da que viria a ser a actual (66) monarca: Isabel II, da dinastia Windsor, correndo o 3º mandato (não consecutivo) do primeiro-ministro, do Partido Conservador, Marquês de Salisbury.
- (Último) czar do Império Russo era Nicolau II, da dinastia dos Romanov, que seria deposto pela Revolução Russa de 1917.
- A Terceira República Francesa (1870-1940) foi declarada durante a Guerra Franco-Prussiana, com a destituição de Napoleão III e durou até à II Grande Guerra. Na altura o Presidente da República Francesa era Félix Faure e primeiro-ministro era Henri Brisson.
- Rei da Itália unificada era Humberto I (24º).

De sublinhar que em França, por esta altura do início da Terceira República, só 30 por cento da população falava francês! E que na Itália, quando se tornou independente, já na segunda metade do século XIX, só 3 por cento da população falava italiano!

- Em Espanha reinava Afonso XIII (17º) da Casa de Bourbon, que viria a renunciar em 1931 para implantação da Segunda República Espanhola.
- Nos EUA era (25º) presidente William McKinley, do Partido Republicano.
- Rei da Grécia era Jorge I, da Casa de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, sendo primeiro-ministro Aléxandros Zaímis.
- Leopoldo II era o rei da Bélgica e primeiro-ministro era Paul de Smet de Naeyer.
- Nos Países Baixos decorria o longo reinado (de 58 anos) da rainha Guilhermina I, 4ª monarca da Dinastia de Orange-Nassau (avó da actua rainha Beatriz I), que abdicaria em 1948 a favor de sua filha Juliana I que por sua vez também viria a abdicar a favor de sua filha, a actual monarca, em 1980, e primeiro-ministro era Nicolaas Pierson, do Partido da União Liberal.
- Em Portugal reinava D. Carlos (33º) e Presidente do Conselho de Ministros era (pela 2ª vez) Luciano de Castro, do Partido Progressista.
- Pontificava, e já próximo do ocaso do seu longo reinado de pouco mais de 25 anos, Leão XIII (256º). “O seu pontificado foi um dos mais notáveis da história moderna da Igreja.” Leão XIII ficou conhecido como o "papa das encíclicas sociais", a mais conhecida, e uma das últimas das quais, a Rerum Novarum, de 1891, sobre os direitos e deveres do capital e trabalho que terá contribuído para o despertar de uma esquerda católica que se revia no movimento do socialismo cristão.

Esse ano de 1898 foi, além do mais, aquele em que:
- Nasceu o cineasta russo Sergei Mikhailovich Eisenstein (23JAN).
- Nasceu o arquitecto finlandês Alvar Aalto (03FEV).
- Émile Zola foi preso por ter escrito J’Accuse, carta em que acusava o governo francês de anti-semitismo e de ter preso, erradamente, o capitão Alfred Dreyfus (23FEV).
- Ocorreu a inauguração do Aquário Vasco da Gama em Dafundo, com a presença do Rei D. Carlos e de sua mãe, a Rainha D. Maria Pia. Aquário hoje suplantado pelo Oceanário (da Expo de 98) do Parque das Nações (20MAI).
- Nasceu o escritor Ferreira de Castro (24MAI).
- Pierre e Marie Curie descobriram o rádio (26DEZ).
- Foi negociada a convenção secreta entre Inglaterra e Alemanha para a eventual partilha das colónias portuguesas.
- Os Estados Unidos mostraram interesse pelos Açores.
- Foi fundada a Associação dos Médicos Portugueses.
- Eça de Queirós escreveu O Suave Milagre (publicado na Revista Moderna).
- Abel Botelho publicou Mulheres da Beira.
- Guilherme Braga editou Poesias.
- Luís de Magalhães escreveu D. Sebastião (poema elegíaco, patriótico).
- José Duro publicou Fel.
- Teixeira de Queirós deu à estampa O Famoso Galrão.
- Maria Amália Vaz de Carvalho publicou Vida do Duque de Palmela D. Pedro de Sousa e Holstein (3 volumes: 1898-1903).

Maria Amália Vaz de Carvalho, grande poetisa e escritora, foi a primeira mulher a ingressar na Academia das Ciências de Lisboa, eleita em 13 de Junho de 1912. Foi casada com jornalista e poeta Gonçalves Crespo, por apenas 9 anos, já que o marido morreu prematuramente aos 37 anos.
A sua casa da travessa de Santa Catarina foi o último salão literário de Lisboa, por onde passaram, durante 52 anos (ela morreu aos 74 anos) as mais celebradas individualidades das letras, das artes, das ciências, da diplomacia e da política: Camilo, Eça, Ramalho, Pinheiro Chagas, Guerra Junqueiro, Oliveira Martins, conde de Sabugosa, António Cândido, e tantos outros.

- O conde de Ficalho publicou Viagens de Pero da Covilhã.
- Sampaio Bruno escreveu O Brasil Mental.
- aconteceu a recondenação do capitão Dreyfus.
- se verificaram perturbações sociais em Itália e fome na Rússia.
- Santos Dumont construiu um dirigível.
- Se realizou o I Salão Automóvel em Paris.
- O poeta e dramaturgo Edmond Rostand publicou a peça, em verso, que o imortalizou, Cyrano de Bergerac.
- Bernard Shaw escreveu Peças Agradáveis e Desagradáveis.
- Puccini compôs a ópera La Bohème.


Otto Eduard Leopold Bismarck (príncipe von Bismarck) nasceu no SB 01.04.1815 duma família abastada e nobre. Bismarck tornou-se um político alemão: primeiro-ministro da Prússia (1862-1890) e chanceler do império alemão (II Reich, de 1871 a 1890).

“O seu máximo objectivo foi fundar a unidade da Alemanha sob a hegemonia da Prússia, de cujo rei Frederico Guilherme foi ministro”.
A verdade, porém, é que foi favorecido nesse intento mais “pelos erros dos seus adversários” do que pelos seus méritos. [GEPB]
Mas antes, em 1850, foi representante da Prússia no Parlamento (dieta) de Fankfurt, onde se destacou como conservador e antiaustríaco. Depois foi sucessivamente embaixador em São Petersburgo e Paris, onde conheceu o imperador Napoleão III. Retornou a Berlim em 1862 e foi nomeado por Guilherme I primeiro-ministro da Prússia, posto no qual se dedicou por inteiro à tarefa de construir a unificação alemã e o II Reich.
Ele, que não era liberal nem democrata, percebeu o equívoco dos conservadores alemães deixarem a causa da unificação nacional como bandeira só dessas duas ideologias.  
Pensava ele que a Prússia dos idos de 1860 - o reino mais povoado, instruído e industrializado dos 39 estados da Alemanha -, era poderosa o bastante para avançar sozinha rumo à integração nacional sem o auxílio da Áustria ou o consentimento da Rússia. Aderiu, pois, à chamada Realpolitik (política ou diplomacia baseada principalmente em considerações práticas, em detrimento de noções ideológicas. Henry Kissinger, definiu-a como "política exterior baseada em avaliações de poder e interesse nacional"). Nessa perspectiva, nada de ater-se a pruridos morais ou preceitos ideológicos. “Para alcançar a tão desejada unidade ele faria acordos até com o demónio se fosse preciso”. Contactou inclusive com Karl Marx, em 1867, sondando-o para que pusesse seus "extraordinários talentos ao serviço do povo alemão".
Preparou-se então para a guerra.
Em seis anos, de 1864 a 1870, batendo dinamarqueses, austríacos e franceses, conseguiu o feito de unificar o país. [SCHILLING]

Vendo em detalhe, seguindo uma política expansionista agressiva, Bismark declarou guerra à Dinamarca (1863-1864), à Áustria (1866) e à França (1870-1871), acabando por conseguir unificar a Alemanha.
As guerras com a Dinamarca e com a Áustria visavam directa e explicitamente aquele objectivo: unificação da Alemanha. Já o mesmo se não passava com a guerra franco-prussiana, que só indirectamente visava aquele objectivo. Tratava-se, neste caso, antes, de uma guerra estratégica para anular a oposição da França, a quem não interessava nada tão pujante crescimento da Alemanha, opondo-se, neste caso e em concreto, à entronização em Espanha do príncipe Leopoldo de Hohenzollern (primo de Guilherme I da Prússia).

Mas Bismarck ambicionava, ainda, estabelecer a liderança da Prússia dentro da Alemanha e eliminar a influência da Áustria. Começou por assegurar o apoio do império austríaco na bem sucedida guerra contra a Dinamarca (em 1863 e 1864, recordo) e, em 1866, desencadeou a chamada Guerra das Sete Semanas, travada entre a Áustria e a Prússia, tendo-a planeado para confirmar a substituição da Áustria pela Prússia, enquanto estado alemão dominante. [BU]

Relativamente à Dinamarca, o que sucedeu foi que, por morte do respectivo monarca, Frederico VII, levantou-se no parlamento, em Frankfurt, a questão da sucessão dos ducados de Slesvig-Holstein, e Bismarck soube então arrastar a Áustria para a guerra com a Dinamarca, que ganhou. [GEPB]

Em consequência, a vitória na Guerra das Sete Semanas forçou a Áustria e a Baviera a abandonarem a Federação alemã e, unificando o território (os 22 estados luteranos do Norte da Alemanha), transformou-o na Confederação da Alemanha do Norte.


… continua amanhã, TR 31.07.2012…




terça-feira, julho 17, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA - II





Foi há 1390 anos, feitos ontem, no dia 16.07.622 do calendário Juliano que, se tivermos em conta o modelo do actual calendário, terá sido numa SX: ocorreu a data tradicionalmente considerada início da Era Islâmica, quando Maomé (Mohammed) inicia a sua fuga de Meca para Medina (a chamada Hégira).
Continuação…


“O sentimento de coesão do mundo muçulmano não diminuiu, embora se tenha assistido à criação de diversas facções e seitas, tais como os xiitas no Irão” e muitas outras. [Info: Islão]

Actualmente, o sunismo engloba 90% dos muçulmanos. Nos regimes em que eles são dominantes, quase todos os Estados integraram elementos de direito positivo que os corroboram.

Os xiitas consideram Ali, o genro e primo do profeta Maomé, como o seu sucessor legítimo e consideram ilegítimos os três califas sunitas que assumiram a liderança da comunidade muçulmana após a morte de Maomé.  

Falecido o profeta, em 632, e contrariamente à expectativa criada de que Maomé tinha escolhido como seu herdeiro e sucessor o seu genro e primo Ali ibn Abu Talib, logo após o desenlace, a escolha do novo califa foi organizada, sendo Abu Bakr eleito o novo califa.

“Antes de morrer, Abu Bakr designou seu sucessor, Umar, que foi assassinado em 644, dez anos mais tarde. Após ele, Uthman, da dinastia omíada, ocupou o califado até 656, ano em que foi assassinado.” E só então, finalmente, Ali assumiu o poder. [Xiismo]

Com a morte de Ali, este foi sucedido por seu filho Husayn. Porém, o novo califa terá sido obrigado a renunciar a favor do corrupto Muáwiya que, corrompendo o seu governo, o tornou ingovernável. Husayn, filho mais novo de Ali e neto de Maomé morre em combate em 680.

É dessa altura, e dessa questão sucessória, a divisão entre sunitas e xiitas.

O Islão xiita contemporâneo pode ser subdividido em três ramos principais: os xiitas dos Doze Imãs, os ismaelitas e os zaiditas.

Um ponto comum os une: aceitam a legitimidade dos quatro primeiros Imãs (o que não acontece com os xiitas ortodoxos, digamos, para quem Ali foi o primeiro e não o quarto califa ou imã). “Porém, discordam em relação ao quinto: a maioria do xiitas acredita que o neto de Hussein, Muhammad al-Baquir era o imã legítimo, enquanto que outros seguem o irmão de al-Baquir, Zayd, sendo por isso conhecidos como zaiditas. O xiismo zaidita (ou dos partidários do quinto imã) foi sempre minoritário e encontra-se hoje praticamente limitado ao Iémen. Os xiitas que não reconheceram Zayd como Imã permaneceram unidos durante algum tempo. O sexto imã, Jafar al-Sadiq, foi um grande erudito que é tido em consideração pelos teólogos sunitas. A principal escola xiita de lei religiosa recebe o nome de "Jafari" por sua causa. Após a morte de Jafar al-Sadiq, em 765, ocorre uma cisão no grupo: uns reconheciam como imã o filho mais velho de al-Sadiq, Ismail (morto em 765), enquanto que para outros o imã era o filho mais novo, Musa (morto em 799). O último grupo continuou a seguir uma cadeia de imãs até ao décimo segundo, Muhammad al-Mahdi (falecido em 874). Ficaram conhecidos como os xiita dos Doze, enquanto que os primeiros como ismailitas; o termo xiita é geralmente usado hoje em dia como sinónimo dos xiitas dos Doze (ou duodecimâmicos), uma vez que são os xiitas maioritários. Para os ismailitas, Ismail nomeou o seu filho Muhammad ibn Ismael como seu sucessor, tendo a linha sucessória dos imãs continuado com ele e com os seus descendentes. [Xiismo]

Os xiitas reinaram no mundo muçulmano através dos séculos, especialmente os Fatimidas no Cairo (909-1171). Na Pérsia, os Sefevides (1501-1732) impuseram o xiismo, maneira de se libertar do império otomano sunita. [IHU]

A propósito, vejamos a predominância de xiitas nalgumas das comunidades islâmicas: Irão quase 71 %; Iraque quase 67% (onde, como estamos lembrados, eles eram reprimidos pelo partido Baath de Saddam Hussein composto sobretudo por sunitas); Azerbaijão 85%; Bahrein 74%; no Iémen cerca de metade, assim como no Líbano. Já na Síria representam uma mais modesta, mesmo assim significativa percentagem: 12% e na Arábia Saudita (14,81%), e não tão modesta, mas um pouco mais elevada: na Turquia, Paquistão, Afeganistão e Kuwait. [Xiismo]

O Partido Baath é um partido pan-árabe que existe no Iraque (ao qual pertencia o ex-presidente Saddam Hussein), no Líbano e na Síria (ao qual pertence o actual presidente, Bashar al-Assad).
Outros líderes socialistas, nacionalistas e seculares do mundo árabe (todos próximos, embora nenhum dos três seja propriamente Baath) são ou foram Gamal Abdel Nasser no Egito, Ahmed Ben Bella na Argélia e Muammar al-Gaddafi (ou Khaddafi) na Líbia.



Alcorão do Al-Andalus
(da Península Ibérica)
(século XII).

A rivalidade entre sunismo e xiismo foi frequentemente acompanhada de confrontos tribais ou dinásticos.

Mais recentemente, “após a Primeira Guerra Mundial, os nacionalismos islâmicos acentuaram-se e deu-se o aparecimento de diversos estados, como o Egipto. A abundância de petróleo em vários países árabes reforçou o papel da civilização islâmica no mundo, sobretudo a partir de meados do século XX.” [Islão]

O Islamismo conta actualmente com várias centenas de milhões de crentes, espalhados pelo Médio Oriente, pela Arábia, pelo Norte de África e por parte da África Negra, Turquia e Balcãs, Irão, Afeganistão, antigas Repúblicas Soviéticas, Paquistão, Índia, Malásia, Indonésia e China. Há pequenas minorias em países americanos e europeus, em especial na França e na Alemanha. [Islamismo]


Mas é impossível falar no islão sem que nos lembremos da face do mesmo que os media todos os dias nos revelam…

Segundo muitos muçulmanos, o Islão não é uma religião apologista da guerra e da violência.

Mas como em todos os grupos humanos identificados por uma causa, há islamitas radicais como os há moderados.

E não se pode falar, agora, do Islão sem que se recorde que muitos muçulmanos vêm, de há anos a esta parte, incendiando o mundo.

Entre as acções mais cruentas e radicais e de alegado terrorismo de que são acusados, todos temos presente vários acontecimentos, sobretudo das últimas décadas, que emudeceram o mundo, protagonizados por membros da Frente Islâmica Internacional, ou Al-Qaeda (ver abaixo mais explicitado), e por grupos congéneres que constituem uma complexa rede implantada mundialmente.
Para além daquelas, recordo, também, declarações incendiárias, sobretudo de Bin Laden, e acções preparatórias de acções terroristas.

De entre os atentados trago à memória e destaco o de 23.02.1993 “quando Ramzi Yousef fez explodir uma viatura no parque de estacionamento subterrâneo de uma das torres gémeas do World Trade Center, matando 6 pessoas e ferindo centenas.” [Terrorismo]

Assim como o de 13.11.1995 contra um edifício alugado pelas forças americanas em Riade, na Arábia Saudita, provocado por um carro armadilhado de explosivos que o destruiu e matou seis pessoas. E isto depois de em Abril anterior os radicais transnacionais terem formalmente anunciado o seu novo alvo (os EUA) numa declaração de Bin Laden.      
Entretanto, em 23.08.1996, Bin Laden mandou publicar um comunicado intitulado “Declaração de guerra contra os Americanos que ocupam a terra das duas mesquitas” onde afirma: “Os muçulmanos ardem de cólera contra os americanos. Não há dever mais importante de que o de repelir os americanos para fora da Terra Santa”. [Terrorismo]

É da Arábia Saudita que os islamitas falam ao referir a Terra Santa ou a terra das duas mesquitas, a de Meca e a de Medina, os dois lugares mais sagrados do mundo. O terceiro é Jerusalém – cidade santa das três religiões: católica, judaica e muçulmana.

Em 1998, Bin Laden encontrou-se pelo menos com quatro dos principais líderes islamitas radicais: Ayman al-Zawahiri, chefe do grupo egípcio Al-Jihad, Abdul Salem Muhammad, chefe de um grupo islamita radical do Bangladesh, o Harakat ul-Jihad-i-Islami/Bangladesh, Fadil Errahmne Khalil, emir de um movimento paquistanês radical, e Abu Yassir Ahmed Taha, um islamista egípcio exilado. Estes cinco chefes radicais criaram o que denominaram por “Frente Islâmica Internacional para Combater os Judeus e os Cruzados”. A Constituição desta frente Islâmica resultou no que se chama actualmente por Al-Qaeda.

É oportuno recordar que, “actualmente, os partidários do wabbismo (a ideologia oficial na Arábia Saudita, que inspira também fortemente a Al Qaeda) não ocultam sua execração do xiismo. A emergência da República Islâmica do Irão desde a revolução khomeinista de 1979 suscita, além disso, uma rivalidade regional com a Arábia Saudita e o Egipto, que seguem as linhas de fractura xiitas-sunitas em todo o mundo islâmico.” [IHU]

Mas a mais grave e arrojada operação que aconteceu em solo americano, foi a de 11 de Setembro de 2001, e foi executada por 19 homens. “Os terroristas utilizaram quatro aviões de passageiros, que partiram de aeroportos situados nos EUA, transformando-os em mísseis com os quais destruíram as torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, bem como uma parte do Pentágono, em Washington D.C., matando mais de 2700 pessoas. Estas operações foram planeadas e executadas por radicais árabes de várias nacionalidades (maioritariamente sauditas), o que demonstrou a existência de uma vasta rede multinacional ligando diversas células de radicais islâmicos espalhados pelo mundo.” [Terrorismo]

Em 11.03.2004, em Madrid, verificaram-se ataques bombistas a estações de caminho de ferro que mataram 191 pessoas e feriram 1463.
E em 07.07.2005, em Londres, deram-se rebentamentos num metro e num autocarro em hora de ponta que vitimaram mortalmente 56 pessoas e feriram cerca de 700.
Ambos os atentados reivindicados pela mesma rede.

Depois de vários atentados contra alvos civis e militares dos Estados Unidos e seus aliados, e quase dez anos depois dos inacreditáveis atentados de 11 de Setembro de 2001, a 01.05.2011 o Presidente Barack Obama anunciou pela televisão que Osama bin Laden havia sido morto durante uma operação militar norte-americana em Abbottabad (no Paquistão). [Osama]

O homem mais procurado do mundo, um dos dez foragidos mais perseguidos pelo FBI caíra finalmente.







- [Alcorão]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: Alcorão
- [BU]: Biblioteca/Enciclopédia Universal, a enciclopédia da Texto Editores; entrada: Maomé
- [IHU]: in Jean-Christophe Ploquin, revista francesa La Croix, de 16-10-2008, apud site IHU/Instituto Humanitas Unisinos
- [Islamismo]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: islamismo
- [Islão]: Infopédia, a enciclopédia online da Porto Editora; entrada: Islão
- [Maomé]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: Maomé
- [Osama]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: Osama bin Laden
- [Sunismo]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: sunismo
- [Terrorismo]: Terrorismo islâmico, site "learningmigration.com"
- [Xiismo]: Wikipédia, a enciclopédia livre; entrada: xiismo







segunda-feira, julho 16, 2012

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA - I




DECORRE O 12º ANO DO 3º MILÉNIO
ESTAMOS NA SEGUNDA-FEIRA DIA 16 DE JULHO DE 2012 (MMXII) DO CALENDÁRIO GREGORIANO

Que corresponde ao
Ano de 2765 Ab Urbe Condita (da fundação de Roma)
Ano 4708-4709 do calendário chinês
Ano 5772-5773 do calendário hebraico
Ano 1433-1434 da Hégira (calendário islâmico)
Ano 1461 do calendário arménio
Ano 1390-1391 do calendário Persa
e relativamente aos calendários hindus:
- Ano 2067-2068 do calendário Vikram Samvat
- Ano 1934-1935 do calendário Shaka Samvat
- Ano 5113-5114 do calendário Kali Yuga

Mais:
DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:
De 2003 a 2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.
de 2005 a 2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.
de 2005 a 2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

Por outro lado, 2012 é o
ANO EUROPEU DO ENVELHECIMENTO ACTIVO E DA SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES
ANO INTERNACIONAL DA ENERGIA SUSTENTÁVEL PARA TODOS
ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR
ANO INTERNACIONAL DAS COOPERATIVAS


"Fizemos descer sobre ti o livro, com a verdade, para a instrução de todos os homens. Quem seguir a senda da rectidão, fá-lo-á em seu benefício e quem se desencaminhar fá-lo-á em seu prejuízo. Não és responsável por eles"
— 39;41.
(Alcorão, sura [capítulo] 39; versículo 41)
Foi há 1390 anos, no dia 16.07.622 do calendário Juliano que, se tivermos em conta o modelo do actual calendário, terá sido numa SX: ocorreu a data tradicionalmente considerada início da Era Islâmica, quando Maomé (Mohammed) inicia a sua fuga de Meca para Medina (a chamada Hégira). 



Kaaba: o lugar mais sagrado do mundo
para os devotos do islão

O mapa político da Europa era então sensivelmente o seguinte:
A Austrásia (localizada no nordeste da actual França, mas compreendendo também partes da actual Alemanha, Bélgica e Países Baixos) era um reino sob o domínio da dinastia dos merovíngios, na altura governado pelo rei dos francos Clotário II - (613-629).

O território correspondente à antiga Gália (um pouco mais vasto que a actual França), que fora uma importante província romana até cento e tal anos antes, era governado pelos merovíngios (uma dinastia franco saliana: com origem nos antigos francos que viviam para lá do Reno e do Norte da Holanda) de meados do século V a meados do século VIII. O seu domínio foi-se tornando cada vez menos expressivo até que, em 751, Pepino, o Breve, lhe põs termo, depondo Childerico III e dando início à dinastia Carolíngia.
Pepino, o Breve, era filho de Carlos Martel, celebrizado pela vitória na Batalha de Poitiers, em 732, tradicionalmente considerada o travão do expansionismo muçulmano na Europa para além da Península Ibérica (já dominada pelo Islão), e foi pai do não menos notável Carlos Magno: primeiro Sacro Imperador Romano Germânico.

Na Península Ibérica o séc. VII decorria sob o domínio dos visigodos (godos ocidentais), onde o regime estabelecido era uma monarquia electiva, factor perturbador, com famílias e partidos rivais que constantemente se guerreavam. Já quanto ao povo, este era cada vez mais reprimido pelo sistema feudal. A juntar a estes factores desestabilizadores, “no Concílio de Toledo (694) foi revelada uma conjura dos judeus espanhóis para derrubar a monarquia visigótica e a religião cristã”, o que provocou um enorme agravamento das condições de vida do povo. Entretanto, a guerra alastrava, a monarquia visigótica agonizava e as forças berberes ia conquistando, um a um, todos os pontos chave da Península.

Ainda antes da falência do Império Romano (476), já os povos germânicos dominavam a Península, então pelos suevos (411-585), depois da queda do Império, pelos visigodos (585-711).

Na sequência das Guerras Góticas (combates ocorridos na Península Itálica no período entre 535 e 553) o imperador bizantino Justiniano I decide reverter para o Império Romano do Oriente a província da Itália que havia sido perdida, primeiro para Odoacro e depois para Teodorico o Grande.

No séc. VI e primeira metade do séc. VII, grupos de povos nómadas invadiram e instalaram-se na Dalmácia, região que abrange os territórios da Croácia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro.

Os anglos foram um dos maiores grupos de povos germanos a fixar-se na (Grã) Bretanha no período pós romano, fundando diversos reinos da Inglaterra Anglo-saxónica e instalando-se nos sete reinos designados por Heptarquia Anglo-saxã: na Ânglia Oriental (resultante da união do North Folk com o South Folk), Mércia (na região dos Midlands) e na Nortúmbria (um reino formado no início do séc. VII, em 604, que se tornou não apenas numa parte do extremo norte da Inglaterra moderna, mas também cobria grande parte do que é hoje o sudeste da Escócia) no século V d.C.. A Bretanha meridional e oriental foi posteriormente chamada de Engla-lond, e mais tarde England.

Cynegils de Wessex (actual Inglaterra) foi rei de Wessex de 611 até sua morte em 643. Filho do rei Ceol, foi porém ao tio, Ceolwulf, que ele sucedeu, falecido este último. Em 614, Cynegils e seu filho Cwichelm venceram os gauleses na batalha de Brampton, e em 628 derrotaram o rei Penda de Mércia em Cirencester, com que foi finalmente assinado um tratado.

Em Roma pontificava Bonifácio V, o 69º papa (a contar com Pedro). Nesta época ainda os papas, enquanto tais, usavam o seu nome próprio de baptismo – não como hoje, um nome diferente. (Terá sido no ano de 955 que, com o papa João XII (130º), que nascera Octaviano, que se iniciou tal prática).
Foi Bonifácio V que instituiu o princípio da imunidade de asilo no interior dos edifícios religiosos.


Maomé (Maomet ou Muhammad), fundador do islamismo, nasceu cerca do ano 570 em Meca, na península Arábica. E morreu em 632, calcula-se que com 62 anos.

O profeta, que era pastor e comerciante, em 595 (devia andar pelos 25 anos) casou com Cadija, uma viúva. Anos depois, recolhendo-se em meditação, terá recebido a sua primeira revelação, em 610, seguindo-se outras mais ao longo da sua vida.

Por volta de 616, Maomé começou a pregar a veneração de um único Deus que lhe teria revelado as palavras do Alcorão através do anjo Jibra'el (Gabriel).
Da experiência das revelações os seus seguidores deixaram registo escrito, anotações que vieram, igualmente, a integrar o Alcorão (o livro sagrado do Islão, fonte primária de todas as suas doutrinas éticas e legais).

A comunidade dos crentes baseia a sua fé e a sua prática no Corão e na Suna, esta uma “compilação dos exemplos extraídos da vida do profeta” [IHU]

Vítima de perseguições, no ano de 622 Maomé fugiu para a cidade agora conhecida pelo nome de Medina, a cerca de 350 km a Norte de Meca, e onde se encontram os túmulos do profeta e de sua filha. A fuga (Hijrah ou Hégira) assinala o início da era islamita.

“A mudança para Medina deu origem à primeira comunidade islamita, que lutou durante muitos anos e enfrentou uma feroz oposição de Meca e das tribos vizinhas.” [BU]

O profeta “conseguiu entrar vitorioso em Meca, dois anos antes da sua morte”. [Maomé]

Por volta de 632, altura em que Maomé morreu, o islamismo já se tinha espalhado pela península Arábica. Depois da sua morte, a liderança dos muçulmanos foi disputada.

Na verdade, "os primeiros sucessores (califas) centralizaram numa mesma pessoa as funções de chefe político e guia dos crentes. Mas as tensões resultaram em assassinatos." [IHU]

Logo 30 anos após a morte de Maomé, a comunidade islâmica mergulhou numa guerra civil que a dividiu em três grupos. “Uma causa próxima desta guerra civil foi que os muçulmanos do Iraque e do Egipto ressentiram-se do poder do terceiro califa e dos seus governadores; outra causa foi a de rivalidades comerciais entre facções da aristocracia mercantil.” [Sunismo]

O que é facto é que, assassinado o califa, a guerra eclodiu entre os diferentes grupos, numa luta encarniçada pelo poder, terminando com a instauração de uma nova dinastia de califas. Um dos grupos que surgiram desta disputa foi o dos sunitas, o maior deles. Dois outros grupos menores de dissidentes surgiram também deste cisma, dos quais o mais conhecido é o dos xiitas. Os xiitas acreditavam que a única liderança legítima era a que vinha da linhagem do primo e genro de Maomé, Ali, e assim sustentavam que o resto da comunidade cometera um erro grave ao eleger Abu Bakr e seus dois sucessores como líderes.

As causas das divisões dos islamitas residem, afinal, no poder, que não em questões estritamente teológicas. [IHU]

O povo muçulmano acreditava que Maomé era o último profeta, embora reconheça também outros profetas anteriores como Ibrahim (Abraão) e Isa (Jesus).” [BU]

Hégira é a designação que se dá à retirada do profeta Maomé, de Meca para Yathrib, em 622 d.C, devido a uma perseguição movida contra ele e os seus seguidores. Yatrib recebeu o nome de Medina, Cidade do Profeta. Este evento marca o início do calendário muçulmano e o dia da Hégira é celebrado como o dia de ano novo islâmico (ano lunar).

Fátima foi uma das filhas que Maomé teve com a sua  mulher Cadija. Fátima foi casada com Ali ibn Abi Talib.

Maomé faleceu aos 08.06.0632 em Medina, tendo o seu sogro, Abu Bakr, sido eleito o primeiro Califa nessa mesma data, o que contraria a tese dos xiitas, para os quais Ali ibn Abi Talib é que foi o primeiro dos Califas (sendo o quarto para os sunitas).

A maioria dos sunitas acredita que o nome deriva da palavra Suna (Sunna: "prática"), que se refere aos preceitos estabelecidos no século VIII baseados nos ensinamentos de Maomé e dos quatro califas ortodoxos.

No Islão, o desacordo político quase sempre arrasta consigo o desentendimento religioso.

Califa é um título que foi usado por Abu Bakr, o sogro de Maomé, quando ele lhe sucedeu como líder da comunidade do Islão (Ummah), em 632.
Califa tornou-se, assim, o título que se atribuía ao chefe supremo do islamismo, sucessor de Maomé.

Imã (“chefe”, “guia”) é o que preside ao culto, designando, também os principais líderes religiosos do Islão que sucederam ao profeta Maomé. Na doutrina sunita usa-se o título Imã paralelamente ao título de Califa. Os xiitas, e em particular os imamitas, os chamados "Xiitas dos Doze", ainda fazem uma distinção mais relevante, pois reservam o título aos doze imãs da família de Ali como sucessores legítimos de Maomé.

Os sunitas baseiam a sua religião no Alcorão e na Suna, conforme os registos do Hadith (um corpo de leis, lendas e histórias sobre a vida de Maomé). A lei islâmica é deduzida dos actos, afirmações, opiniões e modos de vida de Maomé.

A revelação só foi colocada em livro cinquenta anos depois da morte do profeta. Mas só no califado de Utman, entre 644 e 656, seria elaborado um texto único, designado por “vulgata”, sendo destruídos todos os mais.

vulgata: refere-se geralmente a textos sagrados, a uma sua edição, tradução ou versão mais difundida ou mais aceite como autêntica.

Contrariamente ao que se pensa, o Alcorão não é um poema, mas uma prosa com rima. [Alcorão]

… continua amanhã, TR 17.07.2012…






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