sábado, junho 30, 2007

AINDA À VOLTA DA FLEXIBILIDADE

Um flexibilizado







1. No Fio do Horizonte de ontem, o Prof E Prado Coelho escrevia sobre flexissegurança.


Já vi registos de flexi-segurança, flexissegurança e até de flexisegurança. O Prof opta (e talvez bem) por flexissegurança. Tudo sintetizado (?) no neologismo flexigurança.


No tratamento da matéria, porém, deixa-me algumas dúvidas quanto ao seu pendor.


Num ponto está nitidamente com Carrapatoso, mas sobre as tomadas de posição de “Jerónimo de Sousa e os seus acompanhantes” lança o mais que politicamente correcto anátema: “o problema do PCP é que se repete tanto que se torna inaudível”.
De pessoa tão sensata e inteligente, esperava argumento mais substancial, mais consistente, não tão plebeísticamente sonoro, mas vazio.


Bom, mas dá voz a João Proença e a Carvalho da Silva, para os quais a segurança fica reduzida a zero. Aliás, e bem explicitamente, é o que afirma o dirigente da CGTP-IN, que o Prof cita: "em Portugal, só há uma discussão: a flexibilidade, porque a segurança é coisa nenhuma". O que não é propriamente uma tomada de posição amarela.


Depois o Prof alude Antonio Negri, que apresenta como radical de extrema-esquerda (meu Deus! Radical, e ainda por cima da EXTREMA-esquerda, o sujeito deve estar a meio centímetro do “nazofascismo”) para quem – não esquecendo que “entre esquerda e direita nem tudo é linear”, lembra, no seu alto voo filosófico, EPC – “a esquerda tradicional está presa a uma visão do século passado e apenas se interessa pelos trabalhadores que têm trabalho”.

“E acaba por ser uma força retrógada” – aqui, fica-se na dúvida se o afirma o felino e feroz radical extremo-esquerdista AN ou o centro-esquerdista PC... Ou (quem sabe!) o “comprometido lusitano” Carrapatoso...


Como também não é fácil apurar se o remate da coluna é da responsabilidade do ultra AN ou do avisado Prof, quando a propósito dos neo-tecnólogos e dos arrasantes e erosivos efeitos da globalização se recomenda que eles aceitem a flexibilidade para atingir a segurança!
Mas não deve ser de EPC o conselho, pois que, ao confrontar flexissegurança e flexigurança, conclui: «mais "segurança" ou mais "gurança", no fundo tanto faz».


Aí, e finalmente, estamos de acordo.



2. Do editorial de ontem do subdirector do Público, Paulo Ferreira, que intitulou APLAUSOS E AVISOS DO FMI A UM ANO E MEIO DE ELEIÇÕES, transcrevo:


« Não admira que o FMI goste do que vai vendo em Portugal. Afinal, a receita que este Governo está a seguir é a que está na cartilha da instituição há muito tempo: redução do peso da despesa pública, flexibilização das regras de funcionamento do Estado, redução das pensões de reforma e dos encargos da Segurança Social, abertura dos mercados. Até a flexibilização do mercado de trabalho, há muito aconselhada, tem agora um contributo à medida do grupo de trabalho que o Governo criou para fazer propostas de mudança das regras laborais.
Tudo isto junto, não admira que quem se preocupa com essas classificações tenha muita dificuldade em colocar este Governo na gaveta da esquerda.»


Claro que não vou estragar a transcrição com nenhum comentário.
Fica aí para reflexão.

terça-feira, junho 26, 2007

FLEXIgurança É MAIS CONDIZENTE...





Não diria como Manuel Carvalho, no seu editorial do PÚBLICO, de hoje, que “a palavra é feia e o seu significado confuso”.
Ele fala da flexi-segurança.
Mas num telegrama da Lusa acabo de ler
flexigurança. Creio ser mais aceitável, assim, a proposta de Bruxelas: a segurança não existe mesmo ou é coisa encapotada, a fazer de conta. Como não é coisa que dê dividendos, corta-se o mal pela raiz. Ou seja, corta-se o SE de segurança, e fica destacada uma mais rentável flexi.

Mas voltando àquele texto (aqui, à introdução) do director adjunto do diário, a flexi-segurança, parece-me, mais, uma panaceia, qual droga paliativa de uma morte anunciada, mas lenta.

Enquanto não for feito o diagnóstico exaustivo (noutro laboratório que não apenas no do capitalista) da situação, em todas as suas vertentes...

Enquanto a farmacologia social não descobrir mezinha que substitua o unguento e um tratamento eficaz...

Mal acomparado, é como se, para uma família pobre, sem recursos nem pão, a solução fosse assegurar o inevitável aumento de preço de quaisquer bens (essenciais, incluídos), pôr uma assistente social a fazer entender que a situação dessa família é irreversível e irremediável, uma freira a incutir-lhe espírito de santa resignação e (hélas!) ao mesmo tempo garantir-lhe a inevitável protecção no seu processo irresolúvel...

Nem mais: eutanásia TAMBÉM social.

domingo, junho 24, 2007

HOW CAN THIS BE? THIS CAN’T BE TRUE!





Como é que vou dizer?
Como é qu'hei-de explicar?
Não sei bem.
É assim uma coisa que incomoda!
Muito.




Digamos: que esmaga!...



É um nó! Terrível!
Um murro duríssimo no estômago!




É preciso ver.
(Para isso é preciso ser forte)



Não é possível ignorar!




Não, não é só na Holanda...
Nem, apenas, respeita às poucas crianças de que aqui se fala.

É em todo o mundo.

A muitas centenas de milhares...


É preciso divulgar.

Tem que ser.
É urgente...
Urge!


URGE!

URRRRRGEEE!



Filme trazido do PEDECABRA.
Obrigado Rui L.

sábado, junho 09, 2007

MUNDO CÃO? LÁ POSSÍVEL!!!... É A NOSSA IMAGINAÇÃO!

China Polícia resgata 31 trabalhadores escravos de uma fábrica

09.06.2007

Estes são apenas oito dos 31 chineses que durante um ano foram escravos de uma fábrica no Norte da província de Shanxi. Foram agora resgatados, após meses de trabalhos forçados não remunerados, maus tratos e uma alimentação à base de pão e água. Segundo o jornal local Shanxi Evening Post, citado pela Reuters, oito dos resgatados estavam tão traumatizados que apenas eram capazes de recordar os seus nomes. Um trabalhador foi espancado com um martelo até à morte, por supostamente não se ter esforçado o suficiente. Os restantes apareceram com diversas feridas, hematomas e queimaduras por todo o corpo. "A sujidade nos seus corpos era tão profunda que podia ser raspada com uma faca", acrescentava o jornal. Os operários continuam no local, à espera que o governo da província consiga pagar os seus salários. A fábrica pertencia ao filho de um responsável do Partido Comunista local e isso explica, segundo o jornal chinês, que tenha conseguido manter os trabalhadores naquelas condições durante tanto tempo. Segundo a BBC, Wang Binbin já foi preso e o pai, Dongji, está a ser investigado.
A China é hoje uma das maiores economias mundiais, em grande parte devido a ordenados na ordem dos 2 euros ou menos por dia, notava ontem a Reuters.

(Público impresso, hoje)



Ainda acerca da matéria,





08-06-2007 - 11:34
Salvo da escravidão
Um dos trabalhadores chineses salvos pela polícia que estavam sujeitos a um regime de escravatura em Hongdong. Ao todo, foram resgatadas 39 pessoas, que foram forçadas a trabalhar durante anos a pão e água, sem direito a qualquer salário, numa obra da responsabilidade do filho de um dirigente local do Partido Comunista Chinês. Foto: China Daily/Reuters (PÚBLICO.PT, SB 09.06.07)




Tudo isto é triste. Mas tudo isto é só farsa.
Tudo forjado pela sensacionalista “imprensa de sarjeta”.


Porque a realidade que conta é bem outra: os jogos florais com que os senhores do mundo se vão entretendo, sempre em bem rentáveis shows, em que os beneméritos mecenas vão apurando seus chorudos dividendos e deixando umas côdeas a tão prestáveis e zelosos actores...



Não chego mais longe. (Aliás, pois se nem longe chego!...)

A cerca de meia dúzia de amigos, talvez mais um ou outro conhecido e algum distraído mirone, que deparam nestas páginas, e quejandas, com estes meus dolorosos espasmos, esses já conhecem o motivo da fúria de hoje, pois já passaram pela fonte de que me socorri.

Só porque se trata de um espaço público me permito (me obrigo!) a insistência no mote.
Pois: certo que não vou longe. Mas deixo o meu público protesto. E solidariedade.
Não me basta porque tudo continua na mesma... Mas faço o que posso.
Para o alarme e o apelo.

A revolta, o cansaço, o desespero... estão quase redondos.

(Cuidado: cansaço não é permitido. Nem conveniente.
Isso é o que “eles” querem...)

Quem irá pôr ponto final neste degredo?
Quando?
Como?
A que preço? (O sangue terá voltado a ter preço?)

Fiquei entupido. E parvo, de espanto. E roxo de indignação.

quarta-feira, junho 06, 2007

DISCURSO DO EMBAIXADOR

Recebi dum amigo, Carlos P, o seguinte mail a seguir em destaque, onde mantenho a grafia original das transcrições.

Não sei se já extractado do Jornal do Comércio - Recife/PE, abaixo referido, se de outra autoria, o preâmbulo é o seguinte:


”Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de descendência [creio que se quereria dizer de ascendência] indígena, defendendo o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia. A conferência dos chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc.

Eis o discurso:”

«Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento - ao meu país- ,com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos
seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros.

Consta no "Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Teria sido isso um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento! Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo
e a atual civilização européia se devem à inundação de metais preciosos tirados das Américas.

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, e de outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

Não. No aspecto estratégico, dilapidaram nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto financeiro, foram incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos em cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

Nos limitaremos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça. Sobre esta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, informamos aos descobridores que eles nos devem 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambas as cifras elevadas à potência de 300, isso quer dizer um número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros , seria como admitir seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não inquietam a nós, índios da América.
Porém, exigimos assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privatização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica...»

E agora, creio que, seguramente ele, prossegue o dito Jornal do Comércio - Recife/Estado de Pernambuco:

“Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, o Cacique Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a Verdadeira Dívida Externa.

Agora resta que algum Governo Latino-Americano tenha a dignidade e coragem suficiente para impor seus direitos perante os Tribunais Internacionais.

Os europeus teriam que pagar por toda a espoliação que aplicaram aos povos que aqui habitavam, com juros civilizados.”

(Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE).

Segundo consta, não se sabe ao certo se é o discurso feito se o que falta fazer...

Um ou outro, está aí!

free web counters
New Jersey Dialup