segunda-feira, maio 21, 2007

A REALIDADE... PARA ALÉM DO “SHOW OFF” E DE RENTABILIDADES

IMAGEM DA WIKIPÉDIA
pedosexualidade




Poupando-se, provavelmente, a mais dura contundência, S. Freud confinou-se a classificar a pedofilia como "perversão dos fracos e impotentes".

Hoje, todos (???) seríamos menos brandos. E diríamos muito, muito mais...

(Ou não soubéssemos que entre a gente há pessoas e percevejos...)

Entendemo-nos, não é mesmo?

Recebi ontem um mail com o conteúdo abaixo.

Não gosto de alimentar certas novelas muito rentáveis... Nem correntes (de rebuscado esoterismo, algumas. De duvidosos contornos e finalidades, certas. Outras, apenas tontas)

Desta vez, abro uma excepção.
Não ao "pasto". Ao alerta!
Com certo constrangimento o faço. Mas consciente.

Aí fica:

«Madeleine - A nossa polícia é que é má... ?

Ora quando sabemos que existem dezenas de raptos de crianças em Inglaterra que nunca foram resolvidos pela "maravilhosa policia britânica", isto no país (UK) que até tem o maior número de desaparecimentos de crianças em toda a comunidade, os ingleses estão a achar que a nossa polícia não tem actuado bem. Num recente artº que li no jornal Telegraph (ver http://www.telegraph.co.uk/opinion/main.jhtml?xml=/opinion/2007/05/09/do0904.xml) uma gaja, a propósito de o inspector da PJ ter afirmado que estavam a fazer todos os esforços, mas que não eram mágicos, respondia: "No, senhor, but perhaps you are clowns instead". Este comportamento dos ingleses, que já se julgam donos do Algarve, e onde o nosso Estado permite aldeamentos, menus, anúncios, etc, só em inglês, é inaceitável.

Abram o link abaixo e a meio da página votem WELL, e já agora façam circular.

http://news.sky.com/skynews/madeleine

Obviamente pretendem atirar "culpas" ao nosso país pelo que aconteceu, mas sabemos que os maiores pedófilos até são os … ingleses. Eles andam por todo o lado, até no nosso pacato Portugal.

Por sinal tudo leva a crer que até pode ter sido um inglês a roubar a menina…….

Estão todos lixados porque afinal ninguém em Portugal negligencia nem larga assim os filhos num quarto de hotel que não fica fechado e vai jantar…

PORTUGAL, a nossa policia, a nossa lei, e os nossos costumes, NÃO PODEM SERVIR DE BODE EXPIATÓRIO PARA ESTES FULANOS QUE PENSAM ESTAR ACIMA DE TODOS. (...)»

Deixo o assunto ao vosso senso e ao vosso critério.

(Se ao menos eu conseguisse atingir o meu objectivo ao trazer esta matéria, hoje, aqui!...)

domingo, maio 20, 2007

A CORAGEM DE DIZER: STOP!

Mandou-me, hoje, um amigo, por mail.
Um pequeno filme. Já antigo. Do encontro ECO92, no Rio.

Só o endereço. Sem título.
Nem sei se o tem.

Pus-lhe, eu, um nome, nesta circunstância.


Vi. Ouvi.

Verdade que, no fim, ouvi palmas.
É da praxe.
Não sei é se foram palmas pela coragem da garota, se por ela se ir embora!


As imagens que iam alternando com a da miúda, que se confessava criança, não me convenceram muito, na generalidade, de que estivessem a levar "aquilo" a sério. Algumas, que vi ali, nem sei se estariam lá... Outras, por certo, estariam a magicar, lá por dentro: «"tretas"! "Conversa da treta"... Ignorantes! Retóricos absolutamente falhos de pragmatismo!... Etc....Etc....Etc......................»

E a miúda, que se confessa criança, atira p'r'a frente com a fome... Com a guerra... Com a destruição do planeta.

E os senhores dos cartéis e dos quartéis a fingir ouvir, lá algures, mas contorcendo-se de gozo interior: «Fome? Guerra? Depredação? Destruição do planeta? Ó cambada de vagabundos inúteis! Calem-se. Não m'atrapalhem o negócio! Quero lá bem saber disso!...»

E a adolescente - a miúda que se confessava criança - interiormente a responder-lhes no mesmo tom: «treta? "Conversa da treta"?... Ora "deixem-se de merdas"!»

(Ainda é um diálogo de surdos. Talvez um dia deixe de ser...)

VEJAM:

A coragem de dizer: STOP!

(Não. A imagem, já perto do final, em que se foca um velhote ao lado de um indivíduo mais novo... A atitude do velhote transmitiu-me seriedade. Atenção, mesmo. Reflexão...)

domingo, maio 06, 2007

DE PEQUENINO... S’ENSAIA A MENINA OU O MENINO














Uma sofisticada pistola-metralhadora







Inesperadamente. Até para mim.
Duas notas, acerca do post anterior, sobre o fim de semana da exemplar família americana.

Melhor: uma nota ligeira (um justo tributo) e um comentário. Comentário, não no sítio habitual dos comentários, porque se passou “ao postigo do quintal”.


1. A nota.

Só implicitamente ficou o meu agradecimento ao Jorge G pela sua preciosa colaboração em tornal colável, aqui, a história dos “américas” aos tiros.

Mas quero deixar esse agradecimento bem explícito: muito obrigado, Jorge, pela sua – apesar de muito ocupado – rapidíssima e eficaz colaboração. Sem ela eu não teria levado, do mesmo modo, o meu trabalho por diante. Trabalho de que já sinto saudades.

Obrigado, de novo, meu amigo.


2. O comentário. Ou antes, os comentários: o propriamente dito e o que o introduz.

Não foi, exactamente, um terramoto. Mas as reacções fizeram-se sentir.

Afinal... Estamos vivos!

A mim, confesso – e por certo a todos os que ultrapassaram a casa dos 50 – o que me surpreendeu foi a surpresa dos surpreendidos.
Poucos, na verdade, estes.

Mas há uma reacção que não posso deixar de revelar aqui.
“Tirada” a quente.
Uma explosão.
Que me arrasou e não deixará de impressionar alguns mais.
Modesta como é, vou retirar os elementos “definíveis” dessa amiga...

Pessoa com ideias muito arrumadas e que se exprime em muito bom português, vai ficar incomodada com gralhas e outras derrapagens que uma correria louca sobre o teclado, sem qualquer espécie de revisão, provoca.

Alguns vão reconhecê-la é, exactamente, pela gana que imprimiu ao texto, assim num repente! “Num lampejo”!


Abençoada.


Mulher de fibra!


E, então, foi assim, por mail (retirando os previamente, alguns entretantos e os finalmente):


......................................................................


«Dos americanos sabia, dos seus fins de semana já conhecia. Deles nada já me surpreende. Centenas de filmes em que espreitamos a tacanhez, antigos ou modernos. Sobre famílias ou raptos ou índios ou FBIs. Sobre bailes de vaqueiros, comemorações de antigos estudantes de anos passados. Sobre coreias, vietnames que é assim que eles pensam, eles povo regurgitante de vaidade, coreias e viets, servem para fazer mais filmes, mais autocrítica, mais crítica. Vender, vender e facturar. Enormes cabeças com cérebros pesados, QI que rebetam escalas humanas, em Silicon Valley, em Harvard, na Pensilvânia, em Berkeley.

Nunca lá estive. Há 30 e tal anos (...) portuguesa casou com um oficial dos States, colocado em Espanha. Poucos anos a seguir, ele retirou-se. Mas todo este tempo, e já (... filhos) de 20 e muitos anos, deu para ver (...) por onde andam as modas. Sou atenta às notícias em geral mas também ao particular que circula entre (certas) pessoas (...). Um casal médio, típico, com enorme família da parte dele. (Ela) sempre estimou e cultivou o seu lado português, sempre trouxe os filhos aqui, sempre (passeando) pela história e tradição.

Mas ao longo deste tempo, em que já viveram em mais de meia dúzia de lugares e já descreveram uma centena de ambientes, deu para ver que não basta ser desempoeirado, na América. É preciso muita força interior e conhecimento para remar contra aquela maré de dollars a crédito e árvores cheias de luzinhas no Natal.

Portanto, mesmo que eles não tenham armas, os (...) que conheço, têm os Brians, e os Dicks, os da Califórnia ou do Maine, ou da Virgínia, ou North Carolina. É pior que uma religião, as armas. É o conceito de liberdade deles: eu tenho uma arma porque tu tens uma arma e o teu vizinho vai à caça com uma arma.

Lembro então as tais centenas de filmes, da lei seca, dos mafiosos, do jogo, dos cowboys, dos assassinos em série, dos ex-combatentes, dos condenados à morte, dos inocentes ou dos culpados, dos emigrantes, dos restaurantes, dos mexicanos, do muro de Berlim que eles tanto prezaram em deitar abaixo para erguer outros, na fronteira do México, em Israel. Por isso, lembro-me

dos actores presidentes

dos crápulas presidentes

dos gajos de bom físico

dos gajos de bom petróleo

dos gajos dos terrenos a valer milhões em troca de peanuts

dos gajos que matam pretos ou hispânicos

dos gajos do KKK

dos gajos que arranjaram um doido para fingir matar o presidente

dos gajos que não gostam de canções sobre a paz

....

Não esgotei, mas perdi agora a veia.

Isto é o que te digo em resposta a "malandrices" que circulam pela Internet e pelas as quais confesso tenho pouca curiosidade. Melhor transcrever "I have a dream", o discurso e a morte articulada de um pastor que já ninguém recorda.

Tenho o saco cheio. Literatura sempre, natureza sempre, Grand Canyon sempre, sequoias sempre, músicas /exposições/ posições de democratas do centro que ajudam a descentrar liberais/Brenda Lee e tantos cantores negros de blues e tocadores de jazz...

As auto-flagelações a que os americanos acorrem para pedir a compreensão ao mundo não me desvanecem nem um bocadinho. Quem, como eles, consegue comemorar o horror do começo duma guerra num país a milhares e milhares de km de distância, 4 anos de guerra no berço das civilizações? Entre o Tigre e o Eufrates? Quem tem o indecoroso e democrático gosto de ter bases fechadas à crítica e aos direitos humanos? Por tudo quanto é sítio, inclusive Europa?

Escrevi muita coisa em letra minúscula de propósito. Para eles, o supra-sumo da "democracia" e do "capitalismo", somos todos minúsculos. Em separado, somos nada. Uma peça do xadrez mundial que movem segundo seus planos tenebrosos. Num instante, põem um Carlucci qualquer a confraternizar com o Bispo de Braga ou o cónego Melo ou o Soares. E mais não digo que disse demais.

Ao correr da tecla. deu-me nervoso. E isto porque estou a falar contigo e não no blog, falo contigo como se conversasse com um amigo.

Luto aqui e agora por um mundo melhor. Começo (...), pelo homenzinho do quiosque, pelo empregado do restaurante que diz que "não havia de haver tanta liberdade" e a quem respondi "tem sorte em estar vivo com essa idade: há quem tenha ficado com os ossos em Africa...".

Ai não me puxem pelas penas que de repente sou uma águia e voo em lonjuras.

Ai não me prendam que se eu vejo um soldado americano a chorar lágrimas de crocodilo só me apetece dar-lhe bofetadas iguais às que deu à moirama. Digo moirama, a brincar, lembrei-me das nossas conquistas de outros tempos...

Ai não me falem em meninos de escola que me lembro logo das escolas que eles já destruíram, fora do território deles. Serpentes que criam serpentes no seu seio.

Não me falem em ir à Lua ou a Marte ou ao espaço: mais depressa vão eles fazer uma aliança com os cartéis de droga ou com os ditadores para chegar mais perto dos seu objectivos.

Ai não me fales deles nem delas.

Mando-te um abraço, espantada comigo por me ter dado para te responder, sem método mas com gana

...e tanto por dizer.

Fica bem, até depois! Boa noite, já tens um fascículo de romance neo-realista para a noite!»

......................................................................

Já podem voltar a respirar...

Por ora, acho que vamos ficar por aqui...

sexta-feira, maio 04, 2007

HISTÓRIA DE UMA RECENTE “YOUTUBIZAÇÃO”

Tudo começou assim: a Amélia mandou-me um mail com um vídeo (em real player) em anexo.

Tocante história de persistente aprendizagem e cultivo de ancestrais qualidades avoengas... (A redundância, por vezes, é um importante sublinhado. Logo, intencional)

O assunto do email (que vinha com vários Fw) era: Final de Semana em Família nos EU

Eu gostava de “prantar” o vídeo no blogue...
Mas “cadê” o engenho e a arte, para tanto?

Informatiquês, não é comigo.
(Um robot em certas rotinas. E, e...!)

Mandei um SOS ao Jorge PG.
Solícito, sugeriu-me um processo para a conversão.
Ele próprio o experimentou: aconteceu-lhe o mesmo que a mim: não resultava.
Foi então que ele foi ao You Tube... E zás. Deu-lhe endereço de linkagem. E enviou-mo.

Aí vai o vídeo em formato aqui legível.

Depois a falação a que deu aso.



1. O vídeo acerca das “públicas virtudes”


Seria uma pena substituir a sonorização própria da festa e da alegria que é todo aquele espectáculo: a crepitação das balas... O delírio da metralha... As efusivas e espontâneas manifestações do mais são regozijo...

Mas imagina-se bem a outra banda sonora:

- Hei! Boy! Fantástico. Great! Segue...

- Susie! Que maravilha! Vês que é fácil? Fantastic! Vá! Go on, darling! O avô ensina. O pai ajuda. GO on, Susie!

- Vês, Mary, como apesar dos nossos 74 anos ainda vibramos nestas manifestações de saudável cidadania?

- SÓ MAIS UMA! SÓ MAIS UMA! SÓ MAIS UMA! SÓÓÓóóóóóóóóóó mais uuuuuuuuuuuuuuuuma! – gritavam todos em uníssono.

- Estão quase prontos para qualquer situação... Antes de chegar ao Iraque, ao Cambodja, ou a qualquer confim, para levar a nossa democracia... É só treinar lá na escola, na universidade ou no bairro... Valentes! – confirma o monitor.

- Eu bush desejo as maiores proezas pela grandeza da nossa Pátria! – ouviu-se uma voz vinda do além (e percebeu-se que disse pátria com maiúscula)...

Todos pararam, recolhidos, com a mão direita aberta sobre o coração...

E recomeçou a festa!

Sempre! Sempre por um mundo mais justo e fraterno!

Seja: “sempre para o maior engrandecimento da nossa já enorme América...” (reforçava um grupo de patriotas, liderado pela Sra Condureza Arroz)



2. O bruá-bruá:

a) recebo e reenvio o enlevo de qualquer família bem formada que se preze

«Depois admiram-se!!!» avisava a minha querida Mèlinha...

Credo, Maria Amélia!
Que frenesim!
Que agoirenta!

Então e a vibração das armas! O frémito das balas a saltar!
A alegria, a explosão de contentamento, o frémito dos "concorrentes"!

"E as meninas a saltar"!

Porquê tanta espantação?!

"E os meninos a aprender!"

Pois se em tão intensivas acções de formação, desde tão tenra idade, brincam tão jovialmente, com o expresso e feliz apoio e incitamento de pais, tios e avós!...

(Se fosse só: "deixá-los que se matem!"...
O pior é o resto... -
desabafa um velho mais rabugento qu'a mim)

(Prefiro sair de mansinho, não vá alguém errar a pontaria e acertar-me!)

Mostrem e expliquem aos vossos filhos, sobrinhos, primos e netos!
E não esqueçam os afilhados.
Demonstrem-lhes como se faz a felicidade de um povo! Tão simples!

E sem beliscar ninguém com tal felicidade!

(Agora deu-me para fingir de velho e fazer sermões! Pô...!)

Desculpem e ciaozinho

b) responde-me o António B.

Olá Zé,

Já passei os américas aos tiros a alguns dos meus correspondentes. Realmente aquilo ainda é pior do que eu julgava.

Abraço,

Barão

c) comenta o meu filho caçula:

Não percebo porque é que Portugal tem de estar sempre tão atrás dos outros países!
Quanto mais tempo teremos de esperar por esta oportunidade de educação dos nossos filhos?
Se ainda vier a tempo deles, só tenho pena de não ter chegado mais cedo para que eu pudesse ter aprendido melhor, e assim o ensinar melhor.
Mas ainda há esperança. Deus existe, existe a América, e podemos sempre contar com o Bush

d) reenvio o video com o comentário anterior a um leque mais alargado de amigos:

Prévio pedido de desculpa...
Bet, Ana G, Prof VM: verão que vale a pena a excepção...


Qual, demais!
Revejam. Aprendam. Imitem. Festejem (como uma certa jovem, no vídeo). Isso: treinem-se para um mundo melhor... Mais pacífico, obviamente.

Desta vez não é o "sermão" do cota.

É a reflexão do meu filho caçula. Já pai. C'os seus 33 anos, parece-me clarividente...

Vá. Não se esqueçam de espalhar. De mostrar aos vossos filhos, netos, sobrinhos, primos, afilhados, amigos e amigos dos amigos.
E congratulemo-nos porque o xerifado está muito bem entregue.

Não sejamos exigentes nem ingratos.

O meu mais p. e s. p.
(o meu mais profundo e sentido prazer. Óbvio!)

jl

e) comenta o sensato filósofo Jorge CM:

Caro jlf,

Notável. Certamente que se isto for mostrado de forma crítica, lá teremos os nossos jovens intelectuais de direita a acusar tal crítica de «politicamente correcta», que, ao que parece, é um crime de lesa-majestade. De facto, os americanos são muito «politicamente incorrectos», nomeadamente quando entram escolas e universidades adentro e fazem umas chacinas para mostrar um novo ponto de vista político sobre a realidade.

O vídeo merecia um link no flash.

Abraço,

jcm

Nota

Pensei: no FLASH, não. Embora outros o não sejam, este muito menos é um instantâneo.

Antes matéria de séria e mais demorada reflexão...

Daí...

f) e outros mails se trocaram. Com os mesmos ou idênticos “registos”...

EM CONCLUSÃO: TODOS NOS SENTIMOS FRUSTRADÍSSIMOS COM O NOSSO ATRASO EDUCACIONAL...
ÓBVIO.
CONFORMEMO-NOS!

(O pior é que alguns não se conformam)

O FILÓSOFO-CRONISTA


Hoje, trago de novo o José Ricardo.
E a sua crónica de opinião, na edição de SX 27ABR último, do Jornal Torrejano (online):
O PS

O filósofo-cronista continua no seu melhor.
Começa de mansinho, sempre calmo.
Vai conversando connosco, metendo, até, buchas do quotidiano

(“O Benfica do engenheiro pode ganhar jogos.
Mas não é o Benfica de outros tempos”)

Sempre sereno.
Pedagógico. (Habituado que está a ensinar filosofia a adolescentes).


Mas vai melhorando os temperos.
E num crescendo de doses mais refinadas


(“Um PS que não queria para Portugal
uma Bulgária ibérica nem um casino capitalista”)

[aí, duma banda e doutra, há quem torça o nariz.
Outros, assobiam para o lado]


E o ritmo acelera, o veneno acumula-se, as palavras ecoam, em cavalgada, sem arrebiques, pesadas, em dose letal


(“O PS do sr. Pinto de Sousa,
sendo um produto do mais elaborado marketing político,
é alimentado por uma espécie de ranho viscoso e cor-de-rosa,
saído das narinas fedorentas dos inúmeros Pina Mouras e Armandos Varas que, como no Aliens, infectam o partido
a partir das suas entranhas.”)

E logo depois, numa reviravolta táctica, com um apuradíssimo sentido do mais corrosivo humor, deixa o indivíduo ko, no meio do ringue, contorcendo-se, e salta para as cordas anunciando à plateia


“Eu não estou a dizer que o PS é um partido de ranhosos.
Bem pelo contrário. O PS é um partido com muita gente
que precisa de estar limpa e bem assoada
para poder arranjar bons empregos.”

[pior a emenda que o soneto]

E como se não bastasse, atravessa o palco, trepa às cordas do outro lado e proclama

“Mas este PS grande já não é um grande PS
à procura de si mesmo para poder servir um país à sua espera. Dentro do PS é que estão muitos à espera de alguma coisa.”


O combate está mais que definido. Mesmo assim, impiedoso, avança para um dos cantos para confirmar


“Claro que Armando Vara e Pina Moura não são monstros
criados pelo beatíssimo e pastoso Guterres.
Eles sempre existiram.”


E, num repente, sem perder o folego, vai ao canto oposto largar outra bomba


“O PS de Mário Soares estava cheio deles [barões e viscondes].
Sempre, de lenço na mão, com passinhos leves sobre as fofas alcatifas dos corredores que conduzem aos gabinetes.
Eles sempre existiram.
Só que, na altura, o PS era maior do que eles”.


E, não satisfeito ainda, vai ao centro, levanta os braços, roda e conclui


“Há os que gostam “do sr. Pinto de Sousa e [a quem] não choca
a ideia de ver o país governado por um elegante engenheiro
com espírito de construtor civil.”

Foi demais – haverá quem pense.
Cuido que não.

(O que o José Ricardo me fez lembrar o Almada, nesta peça!...)


MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

.

Este é o espaço em que,
habitualmente,
faço algumas incursões pelo mundo da História.
Recordo factos, revejo acontecimentos,
visito ou revisito lugares,
encontro ou reencontro personalidades.
Datas que são de boa recordação, umas;
outras, de má memória.
Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.
Aqui,
as datas são o pretexto para este mergulho no passado.
Que, por vezes,
ajudam a melhor entender o presente
e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,
continuo a dar relevo ao papado.
Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.
E não só, nos últimos séculos.
Os papas sempre foram,
para muitos, figuras de referência,
e para a generalidade, figuras de relevo;
por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.
Alguns
(muitos)
não pelas melhores razões.
Mas foram.

.



O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês

. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2007 Ano Internacional da Heliofísica

.


imagem Wikipédia



























Tratado de Tordesilhas



Foi no DM 04MAI1460, completam-se hoje 547 anos: Diogo Gomes descobre o arquipélago de Cabo Verde.

Reinava D. Afonso V (12º). Decorria o curto pontificado de Pio II (210º).

(foi o ano em que morreu o infante D. Henrique)


Pouco se conhece da vida do explorador e navegador. Sabe-se que fora colector das alfândegas reais e
juiz das cousas e feitorias contadas de Sintra. E a surpresa, para muitos, é que foi também escritor: “escreveu, especialmente para Martin Behaim, uma crónica em latim de grande valor, tratando da vida e das descobertas do infante D. Henrique, dividida em três partes: De prima inventione Guineae, De insulis primo inventis in mare Occidentis e De inventione insularum de Acores.”

Martin Behaim, que também respondia por Martinho da Boémia
– já que casou e viveu alguns anos na ilha do Faial e morreu em Lisboa, em 1507 –,
nasceu em Nuremberga em 1459 e foi, além de explorador,
um conhecido cosmógrafo e astrónomo.

Claro que quando se diz que – neste caso – Diogo Gomes (ao serviço de Portugal), ou - noutros casos - Cristóvão Colombo (ao serviço dos reis católicos), Pedro Álvares Cabral (ao serviço da coroa portuguesa), descobriram, respectivamente Cabo Verde, a América ou o Brasil… Quando se afirma que outros navegadores e exploradores medievais, portugueses, holandeses, britânicos ou espanhóis descobriram continentes, ilhas, arquipélagos, percursos, territórios e comunidades… Efectivamente tudo isso estava mais que descoberto. Só que se desconhecia a sua existência, porque não havia registos de viagens, muito menos mapas; e atlas, então, menos ainda.

O que os navegadores europeus fizeram foi, de facto, “descobri-los” mas para o nosso mundo ocidental, ao serviço dos respectivos monarcas, que iniciaram a sua colonização nos moldes da nossa cultura.

(Em muitos casos – muitos? Só? – foi uma monstruosa vileza. Inqualificável violência. Mas sosseguemo-nos, com o habitual encolher d’ombros: costumes da época!...)

A América, por exemplo – todo o continente – havia sido descoberto, povoado e colonizado há cerca de 62 mil anos pelos ameríndios que, vindos da Ásia, pelo Norte do continente, numa altura em que o estreito de Bering (de 85 km), por efeito da glaciação ocorrida nessa altura, se transformou no seu negativo, um istmo, ligando as duas enormes massas de terra que eram os dois continentes, e o atravessaram a pé.

Nessa altura,
de estreito que era
ligando dois oceanos, o Árctico e o Pacífico
(ou mares, respectivamente, Chukchi, no Norte, e Mar de Bering, a Sul), e separando duas massas de terra, Ásia e Américas –
passou a istmo,
separando, ao invés, aqueles dois corpos de água
e unindo os dois continentes.


É por demais evidente que o termo mais usual, índios, só pode resultar da confusão – da ignorância, melhor dito, perante os conhecimentos que já havia na época - de Cristóvão Colombo, que supunha ter chegado à Índia quando aportou às Américas.

(Acerca dos dados biobibliográficos – inclusive a referência a Martin Behaim – do navegador-escritor, a fonte foi a WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre)




Completam-se, hoje, 514 anos, já que o evento aconteceu no SB 04MAI1493: o Novo Mundo é dividido entre Portugal (D. João II) e Castela (Isabel, a católica), através da bula “Inter Caetera”, de Alexandre VI (214º).

O documento do valenciano Rodrigo Bórgia (o célebre e dissoluto pai dos não menos célebres e dissolutos e execrandos César e Lucrécia Bórgia) – a bula de Alexandre VI – dividiu o mundo a descobrir em dois hemisférios: o oriental [ou do nascente] para os portu­gueses e o ocidental [ou do poente] para os espanhóis [aliás, castelhanos]. Pelo Tratado de Tordesilhas [07.06.1494], ficou ajustado entre os dois países que a linha divisória seria um meridiano traçado a 370 léguas [1 850 km] para Oeste da ilha mais ocidental [por sinal também mais setentrional, do grupo

do Barlavento, Santo Antão (a 2ª maior ilha do arquipélago, sendo a maior a de Santiago, do Sotavento) do arquipélago de Cabo Verde – o actual meridiano 47º W Gr (cfr Padre Miguel de Oliveira, História Eclesiástica de Portugal, pg 200).

De notar que outras bulas – “bulas alexandrinas” – versaram esta matéria da divi­são das possessões portuguesas e espanholas no mundo, como as bulas Eximiae Devotionis e Dudum Siquidem.




(DM 04MAI1561): um incêndio destrói a catedral de S. Paulo, em Londres.



(SB 04MAI1675): é criado o Observatório Real de Greenwich





Faz hoje 176 anos (1831), era uma QA: os liberais ocupam a ilha de S. Jorge. Reinava D. Miguel (29º). Pontificava Gregório XVI (254º).

Decorria a guerra civil entre miguelistas (absolutistas ou realistas do general Povoas) e liberais ou constitucionalistas, afectos a D. Pedro.

A ilha de S. Jorge iria juntar-se à Terceira no apoio da causa de D. Maria da Glória, filha de D. Pedro. Este, entretanto, abdicara nova­mente. Desta vez, a coroa do Brasil, em seu filho D. Pedro de Alcântara (1831), a fim de ir retomar o trono para sua filha, D. Maria II.


Dois irmãos (talvez meios) desavindos?
Não. Duas concepções políticas quase nos antípodas.
Há heranças maternas muito pesadas!
(D. Miguel que o diga)




Faz hoje 103 anos (1904), uma QA: início dos trabalhos no Canal do Panamá. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). No Vaticano pontificava Pio X (257º).

O Canal do Panamá liga o Atlântico (cidade de Colón) ao Pacífico (cidade de Panamá).

Em bom rigor, foi em 1881 que Lesseps iniciou a construção do canal. Interrompidos os trabalhos, em 1888, foram depois retomados, nesta data que hoje se comemora, pelos EU. Concluído em 1914, foi alugado aos EU até 1999.

O canal atravessa o istmo do Panamá, tem pouco mais de 80 km de comprimento, pouco mais de 91 metros de largura e a profundidade ronda os 13 metros.

Não vem nada a propósito (???!!!), mas lembrei-me do “operário letrado” do Brecht...




Completam-se hoje 102 anos (1905) nasceu, em Mortágua, António Branquinho da Fonseca, escritor. Ainda reinava D. Carlos (33º). No Vaticano prosseguia o pontificado de Pio X (257º).

Jurista, por formação académica, cedo se lançou no ofício da escrita. Fundou a revista literária Tríptico e foi director da Presença até 1930. Nesse mesmo ano (tinha 25 anos) fundou, com Miguel Torga, a revista Sinal. Foi poeta e romancista, mas é “no conto que melhor se realiza”. A crítica dá grande relevo à sua novela O Barão (1942), que alguns consideram “uma obra sem paralelo na literatura portuguesa”. Colaborou em várias publicações literárias e dirigiu os serviços de bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian. Tem um livro de Poemas (1925). Entre outros são seus os contos Rio Turvo (1945) e Bandeira Preta (1958), e o romance Mar Santo (1952).


Ele há nomes que andam tão esquecidos!...




Completam-se hoje 78 anos (1929) nasceu, em Bruxelas, Audrey Hepburn, actriz americana.

Dado o “seu aspecto de rapariga sensível e selvagem” foi escolhida por Colette para interpretar Gigi, na Broadway. No cinema revelou-se em Roman Holiday (1953, de William Wyler). Interpretou depois numerosos filmes, sempre no “papel de jovem original e romântica, por vezes sofisticada”, como Sabrina (1954, de Billy Wilder), Love in the Afternoon (1957, do mesmo realizador) e Always (1989, de S. Spielberg).

Audrey Hepburn morreu aos 63 anos, na Suiça, a 20.01.1993


Não desfazendo, lembro-me melhor das Jolie e das Britney do meu tempo...




Faz hoje 62 anos (1945), foi uma SX: o governo (de Salazar) decreta luto oficial de três dias pela morte de Hitler, chefe do Partido Nacional Socialista e do III Reich Alemão. Em Portugal continuava o mandato do general Carmona. No Vaticano pontificava Pio XII (260º).
Hitler suicidara-se a 30 ABR 1945, que foi uma SG.


Os geniais-gémeos terse-ão encontrado além túmulo?
Que festa terá sido!!!





Faz hoje 33 anos (1974), era um SB: com aprovação da assembleia de docentes, António José Saraiva, Magalhães Godinho e Oliveira Marques são integrados no corpo docente da Faculdade de Letras de Lisboa. Era Spínola o PR. Pontificava Paulo VI.


Estes foram alguns dos “desprestigiados” e “perigosíssimos” professores afastados do ensino pela ditadura... Obviamente que por crime grave: porque a ela se opunham...




Faz hoje 28 anos (1979), era uma SX: Margaret Thatcher toma posse como primeira-ministra de Inglaterra. Em Portugal tínhamos, então, o general Ramalho Eanes como PR. Pontificava, já, desde recentemente, João Paulo II (264º).

Margaret Hilda Roberts Thatcher liderou o governo britânico de 04MAI1979 a 22NOV1990, promovendo a “revolução conservadora” ou “neoliberal” que caracterizou o seu consulado.

«Margaret Thatcher deixou o poder há 15 anos, vai fazer 80 e, dizem amigos, está enfraquecida e alheada da política. Mas a sua sombra paira sobe a campanha. Multiplicam-se as comparações entre Thatcher e Blair. Gordon Brown elogia a Dama de Ferro para atacar os conservadores. Os neoliberais acusam Blair e Brown de dissiparem o seu legado» - artigo de Jorge Almeida Fernandes no Público de TR 04 MAI 2005.
O mesmo jornalista conclui:
«Thatcher é o estilo. O seu (crítico) biógrafo Hugo Young sublinha o carisma, a determinação e a convicção absoluta nas próprias ideias, até à brutalidade e ao desprezo dos outros. Mas, sobretudo, o ódio ao consenso. Só há um consenso bom: "Quanto ao que eu quero fazer." Confundiu muitas vezes liderança com a satisfação da sua vontade. Foi o primeiro-ministro britânico que mais poderes concentrou fora de períodos de guerra.
Era uma máquina de ganhar eleições, mas "nunca foi indulgente com o povo", frisa Young. "Suspeito que nenhum outro líder do nosso tempo será capaz de manifestar tanta vontade de resistir ao desejo de agradar."»


«Só há um consenso bom: "Quanto ao que eu quero fazer"» - onde é que eu já vi isto?




Faz hoje 13 anos (1994), era uma QA: Israel e a OLP assinam um acordo que dá independência governativa aos palestinianos na Faixa de Gaza e Jericó. Em Portugal prosseguia o último mandato de Mário Soares. Continuava o pontificado de João Paulo II.

O nome da Palestina sofreu diversas modificações, desde há milénios: Terra de Canaã, no Génesis; país dos Filisteus, no êxodo; Terra Prometida, Terra Santa, reinos de Israel e de Judá; Palestinea-Syria para os gregos; Palestina para os romanos; Filastin para os Árabes e para Israel.

Aquele acordo mais não é que um protocolo de relações económicas, além de acordos quer sobre as modalidades da autonomia em Jericó e na Faixa de Gaza, quer acerca da transferência dos poderes civis para os palestinianos nos territórios ocupados.

Ratificado em 1995, o Acordo de Taba (Egipto) ou de Oslo II (*), que alarga a autoridade palestiniana a toda a Cisjordânia, prevê a retirada do exército israelita dessa parte do território e ainda a realização de eleições para o Conselho Interino da Autoridade Palestiniana e respectivo presidente.

(*) O Acordo de Oslo I, ou Acordo de Washington,
foi ratificado oficialmente nesta última cidade em 1993,
entrando imediatamente em vigor:
trata-se, afinal, da
“Declaração de Princípios sobre a Autonomia Palestiniana”,
que veio na sequência da proclamação de um “Estado” palestiniano,
reconhecida por 90 países.


Ai! Os tratadistas (tratantes?) são uns “tratados”...!




free web counters
New Jersey Dialup