quarta-feira, março 28, 2007

... ACERCA DA “MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA”

CARTA ABERTA À MEIA DÚZIA DOS MEUS PACIENTES LEITORES

Recordo que esta coluna não é feita por um “historiador”...

Qual quê?!

É feita, por um amante da História, sim. Mas, apenas um “lembrador” de factos históricos. Coleccionador de documentos, testemunhos, depoimentos, estudos e outros argumentos. Que os “cozinha”, é certo, mas sem os alterar. Só os alinhava em apresentação (pobre, naturalmente) conexa e única. Por vezes citando-os, mesmo. Geralmente com referência às fontes, sobretudo as básicas. (Quando não referidas estas é porque a amálgama é muito maior e indefinida. Mas sempre sem as alterar).

Da imensa panóplia de acontecimentos que todos os dias se comemoram, escolho, apenas, uns poucos – dois ou três – que me dizem alguma coisa... A mim e a mais uns quantos... (E esses dois ou três já dão bem que fazer!)

(Certo que descurando a referência a outros bem importantes, como os aniversários da Xandinha Lencastre, do Quim Barreiros, do Zezé Camarinha [acho qu’é assim que se chama o indígena... O dito que me desculpe], da Lili do nosso coração, do Marco Paulo e do outro... Qualquer coisa Leal [Ai, esta cabeça p’ra nomes é uma desgraça!...] Esquecimentos imperdoáveis, mas esquecimentos... Vou ver se me trato e avivo a memória)

Acontece, obviamente, que não sendo um trabalho nem académico (s. s.) nem profissional, é objecto de (também pobres, claro) comentários. Pessoais, naturalmente (embora não privativos, regra geral).

(Ah!!!! E do Zé Castelo Branco... [Esse ainda mais imperdoável... Lembro-me, por vezes, do PP e do AJJ, mas do ZCB...]

Tenho mesmo de ver se me trato...)

Não é só a ausência de feedback a esta coluna que me leva a supor não ser apreciada...

(Eh! Desculpem: e do major...)

Suspeito que a sua apresentação (tamanho, inclusive; já para não falar de mais fundas razões relacionadas com o respectivo escrevinhador) dissuade eventuais leitores de nela entrarem...

Se é pelas tais “mais fundas razões”... Nada a fazer!...

Paciência!

E assim sendo... “Desculpem qualquer coisinha!”

Uma coisa é certa: compreendo que não queiram perder o vosso tempo.

Sincera, mas mesmo sinceramente!

Estão desculpados.

Vosso

escrevinhador

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

.

.

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês

. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2007 Ano Internacional da Heliofísica

21 a 28MAR – Semana de Solidariedade com os Povos em Luta contra o Racismo e a Discriminação Racial



foto da WikipédiaLAPLACE

Segundo uns – talvez a maioria, e, alguns deles, seguramente, dos mais credíveis [outros afirmam ter sido a 23MAR1749] – completam-se hoje 258 anos. Foi na SX 28.03.1749: nasceu Pierre Laplace, astrónomo e matemático francês. Em França reinava Luís XV (r. 1715-1774). Em Portugal, o trono era ocupado por D. João V (24º). Na igreja de Roma pontificava Bento XIV (247º).

"O telescópio vasculha os céus sem encontrar Deus"

(em "Rufus K. Noyes, Visões de Religião")

Pierre Simon Laplace nasceu em Beaumont-en-Auge, Normandia e morreu perto de completar os 78 anos, aos 05.03.1827, em Paris.

Astrónomo e matemático, aplica a teoria da gravitação de Newton aos movimentos planetários do Sistema Solar.

Também trabalhou com Lavoisier, com quem estudou o calor e a combustão de diversas substâncias.

Terá sido, talvez, como matemático que mais se tenha distinguido, sendo considerado o fundador da moderna teoria das probabilidades.

Laplace é conhecido principalmente por seu trabalho sobre as equações diferenciais, e a Equação de Laplace.

“Seus principais resultados foram em Teoria das Probabilidades, publicando uma obra admirável que é a "Teoria Analítica das Probabilidades" em 1812, onde mostra ter conhecimentos avançados de Análise”.

“Em "Ensaio filosófico das probabilidades" escreveu que "no fundo a Teoria das probabilidades é apenas o senso comum expresso em números".

Em "Exposição do Sistema do Mundo", de 1796, e em "Mecânica Celeste", de 1799, apresentou sua hipótese de que o sistema solar se originou de um gás incandescente girando em torno de um eixo que, ao esfriar, se contraiu causando rotação cada vez mais rápida até que da camada externa se desprenderam sucessivos anéis que formaram os planetas. O centro restante da massa de gás, em rotação, constituiu o sol. Esta publicação marcou o auge da teoria de Newton, explicando todas as perturbações do sistema solar, sua estabilidade e seu movimento que é secular, não lhe parecendo mais necessário admitir a intervenção divina em certas ocasiões.

Para Laplace a natureza era a essência e a Matemática apenas uma colecção de instrumentos, que ele sabia manejar com muita habilidade sempre mantendo um sentimento de honestidade intelectual com as Ciências.” (Gelson Iezzi, Atual Editora – apud site brasileiro TERRA)

Razão tinha Stendhal no seu especial apreço pelas matemáticas por não admitirem, afirmava, “a hipocrisia nem a falta de objectividade”!

«Laplace foi o mais influente dentre os cientistas franceses em toda a história. Sua reputação o tornou célebre e imortal, ficando conhecido como o " Newton francês "» (Fábio Andreotti, site da Faculdade de Engenharia Mecânica, da Universidade Estadual de Campinas, S. Paulo, Brasil)



Fonte WIKIPÉDIA

Foi há 197 anos, na QA 28.03.1810, [está para breve o seu bicentenário]: nasceu, o escritor, historiador e político liberal Alexandre Herculano. D. Maria I (26º) ainda era viva. Mas incapaz. Donde que decorresse a regência de seu filho, o príncipe herdeiro, D. João, futuro D. João VI. No Vaticano pontificava Pio VII (251º).

"O que seria do mundo sem a mulher.

Dai às paixões todo o ardor que puderes,

aos prazeres mil vezes intensidade,

aos sentidos a máxima energia

e convertereis o mundo em paraíso,

mas tirai dele a mulher,

e o mundo será um ermo melancólico,

os deleites serão apenas prelúdio do tédio."

(Alexandre Herculano)

[Uma perspectiva que talvez não corresponda, hoje, aos únicos e melhores anseios da mulher, em geral]

ALEXANDRE HERCULANO DE CARVALHO e ARAÚJO nasceu em Lisboa, na Rua de São Bento, ao Pátio Gil (hoje inexistente), e foi, com Almeida Garrett, um dos introdutores do romantismo em Portugal.

Foi deputado, por um dos círculos do Porto, em 1840, vereador e depois presidente da câmara de Belém em 1852, na breve existência desta autarquia, a que então pertenceu Benfica, vg. Foi mesmo o seu último presidente.

A regeneração (1851)

movimento iniciado por um golpe militar

liderado pelo duque de Saldanha em 1851

e que viria a marcar toda a segunda metade do século XIX em Portugal.

Tendo em Alexandre Herculano um dos inspiradores ideológicos,

a regeneração pretendeu inaugurar uma nova era de estabilidade política,

económica e social para o país,

depois de 30 conturbados anos de afirmação do liberalismo.

Politicamente, a regeneração caracterizou-se pela alternância entre partidos liberais situados no centro-esquerda e no centro-direita, respectivamente, os históricos, depois refundidos no Partido Progressista (1876),

e os regeneradores.

(Fonte: BU da Texto Editores)

levou-o a uma breve passagem pelo governo, ligando-se sobretudo a projectos de reforma social.

Refugiado, em 1867, na sua quinta de Vale-de-Lobos, Santarém, aí viria a falecer dez anos depois aos 13.09.1877.

Ver, para mais completa informação biobibliográfica, no site da BU da Texto Editores, desta feita com acesso a qualquer cibernauta.




Fonte WIKIPÉDIA

Pintura representando um "Auto de fé" da
Inquisição Espanhola. Visões artísticas sobre o tema
geralmente apresentam cenas de tortura e de pessoas
queimando na fogueira durante os rituais.
(Legenda da imagem, ainda da mesma fonte)


“Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Onde há gente no mundo?

Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Já lá vai mais de século e meio. Estão decorridos 151 anos (28.03.1856), foi numa SX: é realizada a última execução pública em Inglaterra. Em Inglaterra decorria o reinado da rainha Vitória (que duraria 63 anos!). Em Portugal reinava D. Pedro V (31º). No Vaticano pontificava o papa Pio IX (255º).

“Na Inglaterra, a forma de execução para os condenados por alta traição era terrível. Blackstone descreve assim o suplício: “o condenado era arrastado ao patíbulo, seus intestinos eram arrancados e queimados diante dele. Depois então cortava-se a sua cabeça, era ele esquartejado, e os pedaços do seu corpo expostos onde o Rei ordenasse”. Em 1803, vamos encontrar esta forma de execução no caso do coronel Despard, que antes de ser suspenso na forca teve suas entranhas arrancadas e queimadas. Desta forma encerra-se no terreno do estudo da pena capital o longo e tenebroso período em que era imposta, mais com o propósito de fazer sofrer que com ânimo de fazer morrer.”

É oportuno e interessante ver No site da Amnistia Internacional, uma relação dos países “Retencionistas” e “Abolicionistas”.

Também não deixa de ser curioso passar em revista os “mimos” que eram os

Métodos de execução usados através dos tempos em todo o mundo

Métodos de execução usados através dos tempos em todo o mundo

Afogamento: o condenado é afogado.

Apedrejamento (ou lapidação): lançam-se pedras sobre o condenado, até à sua morte. (Prática ainda mantida pela lei islâmica [Sharia])

Veja, pelo menos as imagens e legendas. AQUI.

E mais ainda

Na memória de muitos está Amina Lawal Kurami , uma nigeriana de 30 anos, divorciada e mãe de 3 filhos que foi condenada à morte por lapidação por ter engravidado após se ter divorciado. Segundo o código penal da lei Sharia , uma gravidez fora do casamento constitui prova evidente de adultério.

Felizmente para Amina , a intervenção da Amnistia Internacional e de outras entidades permitiram que fosse absolvida, permitindo que os seus filhos continuem a ter todo o carinho e amor que só a mãe lhes pode dar.

Arrancamento: os quatro membros são arrancados do corpo.

Cadeira eléctrica: o condenado é imobilizado numa cadeira, sofrendo depois tensões eléctricas de 20.000 volts.

foto WIKIPÉDIA

A primeira cadeira eléctrica,
utilizada para executar
William Kemmler em 1890


Câmara de Gás: o condenado é colocada numa câmara, no qual se liberta um gás mortífero.

Decapitação: a cabeça é decepada.


decapitação

Degola: corta-se a garganta ao condenado.

Empalação: um pau pontiagudo penetra pelo orifício anal do condenado, até à boca, peito ou costas.

Forca: a vítima é pendurada por uma corda à volta do pescoço, cuja pressão provoca asfixia.

WIKIPÉDIAenforcamento
Pintura de Pisanello (1436 - 1438)


Enfossamento: o condenado é lançado para um buraco e tapado com terra.

Esfolamento: mata-se a vítima tirando-lhe a pele.

esfolamento

Esmagamento: o corpo é total ou parcialmente sujeito a uma forte pressão, quebrando os ossos e esmagando órgãos.

Flechas: arqueiros atingem o condenado com flechas.

Fogueira: o condenado é queimado vivo.

Como todos estão recordados, foi o método preferido pela “Santa” Inquisição.

Fuzilamento: um pelotão dispara sobre o condenado.

Inanição: o condenado é deixado, de alguma forma, ao abandono e sem alimentos.


método da inanição

Injecção letal: administra-se no condenado uma mistura fatal de produtos químicos, por via intravenosa.

Perfuração do ventre: consiste em furar o ventre.

Precipitação: o corpo é lançado de um monte.

Retalhamento: cortam-se partes do corpo do condenado, até o matar.

Roda: depois de atado a uma roda, o condenado é vítima de golpes.

Vergastação: o condenado é chicoteado até à morte.

A brutalidade dos métodos é de suspender a respiração, mas creio que bem pior e mais repugnante é, muitas vezes, o motivo da aplicação destas blandícias, designadamente na avaliação dos aplicadores do método do churrasco da “Santa” Inquisição.

(E ainda se faz correr muita tinta com a trágica morte, recentemente, de uma imigrante ucraniana por uns cães assassinos – está-lhes nos genes, mas também são treinados para isso -, a celebrada raça rottweiler...)

Tudo, afinal, ANIMAIS!

Os últimos, irracionais... Tudo explicado.

Os que os treinam e os não açaimam... Esses, obviamente (e perversamente), racionais. Só um terrível e danado cérebro humano é capaz de maquinar, em horrendas lucubrações, tais processos. Embora de instinto mais animalesco que os pobres canídeos. Claro que me refiro também à lista de mimos acima transcrita.

Todos sabemos que estes (últimos) ANIMAIS não se deixam açaimar com facilidade.

Acontece que a natureza é particular e infelizmente benigna, relativamente a alguns deles, deixando-os adormecer calmamente para o sono infinito. Alguns outros, porém, têm a morte macaca que – bem vistas as coisas – merecem...

Bem poucos, estes.

(Estou consciente de uma certa perversidade que envolve este meu juízo. E estou a ouvir aí umas vozes... Lembrando-me a história do feitiço e do feiticeiro...

Mas é que eu falo em termos de objectividade. Só.

[Agora oiço o coro dos filósofos... E lá estão, entre outros, o JRCosta, o JCMaia e o JMAPeneda... Censurando-me: “ó meu amigo... Objectividade, sujectividade???!!!... Não se meta nisso. Fale só do que conhece... E tal...” Mil perdões, a eles. Não sou pretencioso e aceito a crítica dos que sabem, daqueles que me podem ensinar alguma coisa.

Acontece é que a minha “filosofia” é um pouco mais superficial, na aparência, porque fabricada na ancestralidade...] Será que consegui fazer-me entender?

Inshallah!)





método da injecção letal

quarta-feira, março 21, 2007

O FUTURO É A TOTAL ESCURIDÃO... MAS JÁ UM DIA FOMOS OS PRIMEIROS!

21-03-2007 - 09:58
O mapa português da Austrália
Este mapa marítimo do século XVI da costa Este da Austrália, pertencente a uma biblioteca de Los Angeles, prova, segundo um livro recentemente publicado, que os portugueses foram os primeiros europeus a descobrir aquele país, antes de britânicos e holandeses como se pensava. Em "Beyond Capricorn", o jornalista Peter Trickett explica que este mapa é a peça do puzzle que faltava para provar que Cristovão de Mendonça chegou à Botany Bay com uma frota de quatro navios em 1522, quase 250 anos antes do capitão britânico James Cook. O mapa descreve com precisão e em português vários locais ao longo da costa Este australiana. Foto: Reuters

(apud PÚBLICO)

Vá, que temos um passado...

Mas não é para ficarmos, contemplativamente, de olhar perdido para os recuados séculos...

Manhãs de nevoeiro, há. Mas não há Sebastião que volte.

Os rios de tinta que esta descoberta vai fazer correr... Alguns, meramente engalanando um passado distante que não tem qualquer projecção no futuro. Que este é bem negro.

Quando deixaremos de ser pasmados?

O CLUBEZECO

Subtraído ao Zé d’Oliveira – mas com boa intenção e por uma causa nobre


(em registo vivace, troppo cantabile)

Há clubes grandes (pelo seu historial, em projecção interna e internacional) e pequenos.

Veja-se, o Sporting! Vá lá, até o Benfica... (Pronto, está bem: e o Porto).

Do outro lado temos o Ferreirense Futebol Clube, o Torres Novas, o Entroncamentense e o desportivo de Alcabideche...

E todos vivemos felizes.

Não sem que cada um puxe a brasa à sua sardinha. Não sem que algum procure dominar o sistema e somar, às vitórias conseguidas com suor, as da secretaria ou às custas dum “empurrão” (discreto, às vezes; outras nem tanto) de outros intervenientes no espectáculo.

Com os partidos é quase o mesmo.

Muito parecido.

Temos os grandes partidos, os clássicos congregadores das três maiores tendências ideológicas da lusa gente.

Despontou, entretanto, um outro que, embora invadindo as franjas dos grandes, tem características próprias, uma mescla de idiossincrasia esquerdelha e de esquerda sensata e lutadora.

Houve, entretanto, um outro que, congregando, embora, conservadores, reunia “senadores” sensatos. “Cristãos-novos” da democracia.

Imergiu completamente.

Depois há um clubezeco de amigos, que, em regra, arregimentam chauvinistas, despotazinhos estagiários, liberalóides de fancaria, irrequietos irresponsáveis de idade pré ou mesmo adulta (aparentemente), “garotada” imatura que brinca aos partidos e aos políticos. E mais uns tantos arruaceiros, quer de cabeça rapada quer de crista de gel. Ou de aspecto (enganadoramente) tradicional.

Entre estes tem-se destacado, pelo sangue na guelra, o PP.

(Não, a sigla não traduz o que de imediato lhe ocorreu, mas antes: Partido Popular).

E estão todos muito enganados: não tem nada só meia dúzia de associados, como se dizia, por aí... Mas muitos, muitos mais. Vejamos.

Atentos os 48 dirigentes (entre nacionais e regionais: 7 da capital; 2 do Porto; 32 daquela mancha que abrange o Minho interior, Trás-os-Montes e Beira Alta; 3 de Aveiro, 1 das Regiões autónomas – meio de cada uma – e finalmente 3 daquela zona que abarca Ourém e o Norte do Ribatejo), somados os 51 militantes (38 taxistas, 7 trasmontanos, 4 alentejanos da “velha guarda” e duas peixeiras do Bulhão, que também votam laranja), há ainda que acrescentar 27 simpatizantes (17 freiras, 4 tonsurados e 6 activos OPUS ??? – 3 de cada), o que tudo perfaz a avassaladora onda, o enorme universo de 126 criaturas!

(Lembrei-me do A. Lobo Antunes: “havia as pessoas e as criaturas...”)

Claro que os 48 dirigentes são, simultaneamente, deputados, membros dos vários órgãos, conselheiros nacionais, delegados ao congresso... Etc., tudo o que constitui um partido a sério e de “crescidos”.

Uma enorme multidão, como se constata.

É assim...

Mas, mais a sério, sob o título “O suicídio em directo de Paulo Portas”, rematava, ontem, o director do Público (que não é santo da minha devoção), no lead do seu editorial, acerca da “tourada” que foi o recente conselho nacional do partidinho, que o acelerado liberalóide (acolitado pelos seus capangas)

(com registo Adagio assai, forte, con solennità)

“apostou na emoção e na dramatização. Procurou saltar etapas. Envolveu-se numa estéril guerra jurídica. E acabou por assistir ao triunfo dos arruaceiros que mobilizou”.

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA

Sumário:

- Proclamação da República Socialista Federada Soviética da Rússia, há 88 anos (tópico)

- Foi há 74 anos: abertura oficial da primeira sessão do Parlamento Nazi (tópico)

Em Portugal... Ora em Portugal a procissão estava quase a chegar ao adro...

- Em Sharpeville, África do Sul, uma marcha pacífica de alguns milhares de corajosos negros contra as leis do “passe” neste país, para uso constante e obrigatório da população não europeia, acaba em massacre – foi há 47 anos.

Em Portugal, o regime estava, ainda, de pedra e cal, com Salazar...

- Aconteceu há 44 anos: encerramento da lendária prisão de Alacatraz.

Em Portugal, mantinha-se, feroz, a ditadura de Salazar, desde quase há...

- Aconteceu há 39 anos: Salazar decreta a deportação de Mário Soares para a ilha de S. Tomé. (tópico)

Salazar tinha um prémio mais generoso e apetecível para quem...

.

Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

.

.

O ano 2007 [MMVII] do calendário gregoriano corresponde ao:

. ano 1428/1429 dH do calendário islâmico (Hégira)

. ano 2760 Ab urbe condita (da fundação de Roma)

. ano 4703/4704 do calendário chinês

. ano 5767/5768 do calendário hebraico

DE ACORDO COM A TRADIÇÃO, COM O CALENDÁRIO DA ONU OU COM A AGENDA DA UNESCO:

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2007 Ano Internacional da Heliofísica

Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

Dia Mundial da Árvore.

Dia Mundial da Poesia.

.

.

Foi na SX 21.03.1919, há 88 anos: é proclamada a República Socialista Federada Soviética da Rússia.

Liderava, nessa altura, o país, Lenine – de seu nome Vladimir Ilitch Ulianov.

Nos EU, liderava o Estado e o governo, o 28º presidente, Thomas Woodrow Wilson, do partido Democrata.

Em Inglaterra reinava Jorge V, avô de Isabel II, e o governo era liderado por David Lloyd George, do partido Liberal.

Em Portugal, a República ensaiava os primeiros passos, com Canto e Castro, do partido Nacional Republicano, na PR.

(tópico)

Há 74 anos, na TR 21.03.1933, na Alemanha, dá-se a abertura oficial da primeira sessão do Parlamento Nazi.

Presidente da Alemanha (último da República de Weimar) era Paul von Hindenburg. A 30 de Janeiro de 1933, Adolfo Hitler prestou juramento oficial como Chanceler.

Em Portugal... Ora em Portugal a procissão estava quase a chegar ao adro: Salazar já detinha as guias do poder e colocava na penumbra o chefe de Estado, o vitalício Carmona.

A Constituição de 1933 - promulgada no anterior dia 22 de Fevereiro e aprovada em referendo dias antes, a 19 Março – era a cereja sobre o bolo do regime da Ditadura.

(tópico)




Completam-se hoje 47 anos - foi na SG 21.03.1960: em Sharpeville, África do Sul, uma marcha pacífica de alguns milhares de corajosos negros contra as leis do “passe” neste país, para uso constante e obrigatório da população não europeia, acaba em massacre: 69 pessoas negras são mortas quando a polícia dispara contra os manifestantes, ficando feridas quase duas centenas.

«A União da África do Sul era, na época, um Reino da Commonwealth, segundo o qual a Rainha Isabel II detinha o título de "Rainha da África do Sul" (...) O Governador-geral da União da África do Sul era o representante da Monarquia britânica» (Wikipédia). Era, então, governador-geral (e foi o último; no ano seguinte foi proclamada a República) Charles Roberts Swart.

Em Portugal, o regime estava, ainda, de pedra e cal, com Salazar no comando das “operações” e com Tomás simulando ser o supremo magistrado da Nação.

Pontificava, no Vaticano, o papa João XXIII (261º).

Sharpeville é uma pequena cidade da África do Sul, quase tão só um bairro negro, construído pelo governo do país da época do apartheid. Fica localizado no sul da província de que é capital Joanesburgo, a cerca de 80 quilómetros desta cidade. Na data que hoje se comemora, ocorreu, nessa localidade, o chamado Massacre de Sharpeville, quando a polícia, à boa maneira dum regime autoritário, abriu fogo, com rajadas de metralhadora, sobre civis negros que protestavam, pacificamente, contra as leis do “passe” (também – e curiosamente – lhe chamavam “lei do passaporte”) que eles consideravam discriminatórias.

Esse passe era algo do género de um (nada) livre-trânsito – aliás, tratava-se de um documento de trânsito condicionadíssimo, só aplicável à população não-branca (logo: negros, mestiços e asiáticos), e que eles eram obrigados a trazer sempre consigo. A transgressão das regras desse instrumento legal era cominada por pesada pena, pois que era considerada crime.

Tal lei restringia à população não-branca o acesso a determinadas áreas e transportes.


Sul-africano mostra seu “passe”
emitido pelo governo

Foi o despertar da opinião pública mundial para a magna questão do Apartheid, e, anos depois, no dia 21 de Novembro de 1969, a ONU instituiu o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, que passou a ser comemorado a 21 de Março, a partir do ano seguinte.

Enquanto, em tal âmbito, aqui e acolá se iam sentindo alguns sinais de abrandamento – dias depois, em 28 de Março de 1960, o Vaticano - João XXIII (261º) - nomeava o primeiro cardeal negro -, na África do Sul, a despótica e inumana minoria branca, através dos seus agentes, ia humilhando todos os que não fossem brancos e trucidando a população negra.

O ANC (Congresso Nacional Africano, formado em Bloemfontein em 1912) e o PAC (Congresso Pan-Africano) são proibidos de qualquer acção em 1961 e em 1963 Mandela é condenado a prisão perpétua (prisioneiro número 466/64 da prisão de Pollsmoor, nos arredores da cidade do Cabo).

Já sob o regime do apartheid, em 1955, o povo de Sophiatown, nos subúrbios de Joanesburgo - três milhões de negros - é forçado a deixar as suas casas, para dar lugar a brancos, de acordo com a lei que separava as áreas de habitação de negros e brancos. Em nome de uma suposta supremacia branca, à boa maneira nazi.

Era o tempo de empregos só para brancos e da proibição de representação parlamentar dos não-brancos.

A discriminação verificava-se em toda a parte: nos parques e jardins públicos, nos transportes colectivos, nos sanitários públicos, nas gares de caminhos de ferro...

Não me contaram nem li: vi. Presenciei.

Nos primórdios dos idos de 70.

Aconteceu-me, mesmo, um dia (era uma tarde solheirenta), em Joanesburgo, numa larga e enorme avenida, cerca das 5 da tarde (a rua inundada de carros, os passeios, de gente), que fui assaltado à mão armada (arma branca) por três ou quatro indivíduos. (Só levaram dinheiro: nem relógio, nem isqueiro – dos bons – nem aliança... Nada mais.)

(Embora de braços levantados, claro que ninguém olhou para mim ou ligou a menor importância ao que acontecia)

As pessoas – lá, como cá – ao saberem do acontecido perguntavam-me: “assaltado por quem” (que etnia)? – claro que, a generalidade, querendo confirmar a ignomínia, o desaforo, o banditismo – em suma: o acerto das medidas locais no respeitante à repressão da população negra.

Eu respondia, invariavelmente: “Ora... A população branca, em geral, não tem necessidade de lançar mãos destes meios para sobreviver!...






foto WIKIPÉDIAIlha e prisão de Alcatraz


Foi há 44 anos, na QI 21.03.1963: encerramento da prisão de Alcatraz, prisão de segurança máxima na baía de São Francisco, nos EUA.

Decorria, então, o mandato do 35º presidente dos EU, John Fitzgerald Kennedy, do partido Democrata (que seria assassinado, em Dallas, oito meses e um dia depois).

Em Portugal, mantinha-se, feroz, a ditadura de Salazar, desde quase há 38 anos; e manter-se-ia por mais 11, contando com o período da “evolução na continuidade” marcelista. Figura de corpo presente, em Belém, era o almirante Américo Tomás (“almirante de água doce” - todos referiam - por nunca ter navegado para além do “mar da palha”), exímio corta-fitas, figura simpática, de contagiante boa disposição e dotado de particular dom da palavra, cujos brilhantes e arrebatados improvisos, que os anais da História registam (vejam-se muitas das colunas de “factos e documentos” da “Seara Nova”, da época) faziam as delícias dos indígenas.

Em Roma pontificava João XXIII (261º), mas já perto do seu termo.

Voltando ao sério.

A ilha está situada no meio da baía de S. Francisco, Califórnia, a escassas centenas de metros da cidade.

Desde há 44 anos que não passa de uma atracção turística, atendendo ao seu passado.

Inicialmente, a fortaleza foi uma prisão militar, de 1850 (ou 1886?) a 1934, antes de se ter tornado numa penitenciária federal, em prisão de alta segurança, durante 29 anos.

Nela estiveram detidos numerosos e sonantes nomes do mundo do crime, como Al Capone, «Birdman of Alcatraz», (um prisioneiro que utilizou o seu tempo na solitária para se tornar uma autoridade em pássaros de gaiola), Robert Franklin Stroud, Alvin Karpis, Frank Morris, e os irmãos John e Clarence Anglin.

A própria natureza se associou às implementadas medidas de segurança da prisão: a sua localização, um sistema de marés e correntes muito perigosas, e as suas águas geladas. Algumas destas características eram complementadas com medidas particularmente adequadas. Assim: as refeições eram fartas, muito bem confeccionadas e programadas para um período de tempo meramente suficiente (o que implicava digestões mais difíceis e garantia um maior silêncio, no seu decurso, pelo que raros eram os contactos entre os detidos – logo, a conjectura e preparação de eventuais planos de fuga). Além disso, o ambiente era bastante aquecido e para o banho diário matinal era fornecida água bem quente – o que, tudo, era desmotivador para a hipótese de enfrentar as gélidas águas da baía.

As célebres celas de segredo, absolutamente escuras, à prova de som e de reduzidíssima área, quando usadas tinham um efeito extraordinário no decurso do tempo. Experimentei. “Estive lá, seguramente, entre um quarto de hora e vinte minutos, pelo menos...” – afirmei (perguntando) à saída: não estivera mais que escassos três minutos. Impressionante.

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A prisão acarretava um orçamento muito dispendioso.

Certo que durante os seus 29 anos de existência, nunca registou fugas bem sucedidas. Em todas as tentativas levadas por diante, os fugitivos eram mortos ou morriam enregelados e afogados.

Três fugitivos – os já aludidos Frank Morris e irmãos John e Clarence Anglin - desapareceram das suas celas em 11 de Junho de 1962. Porém, constam como desaparecidos e, o mais provável, afogados.

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Em 1979 foi realizado um filme sobre essa fuga,

com Clint Eastwood (Frank Morris),

chamado Escape From Alcatraz,

dirigido por Don Siegel –

que, aliás, assinou este filme como

Donald Siegel (1912-1991)

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Mas porque era muito dispendiosa e porque já não garantia total segurança em relação às mais modernas, a prisão foi encerrada em 21.03.1963, e convertida em atracção turística (uma espécie de museu).

Completam-se 39 anos – foi na QI 21.03.1968: Salazar decreta a deportação de Mário Soares para a ilha de S. Tomé.

O ditador estava quase a cair. Mas o regime ainda duraria mais uma meia dúzia de anos.

Salazar tinha um prémio mais generoso e apetecível para quem, realmente, o incomodava.

S. Tomé, ao pé do Tarrafal, era um paraíso dourado.

(tópico)

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