quinta-feira, abril 13, 2006

NÃO FOI “BALDA”, FOI ASSISTÊNCIA À FAMÍLIA…


Hoje não se falava noutra coisa: o precipitado encerramento da sessão da AR, ontem, por falta de quórum

Somos assim, não à volta a dar-lhe: por dá cá aquela palha, desatamos num xinfrim que ninguém nos cala. E sem cuidar das razões daqueles que são objecto das nossas reclamações. Sim, que isso é o pior.

No começo da sessão assinaram o livro de presenças 194 deputados. Mas quando chegou a hora das votações, 84 deputados tinham-se evaporado…

Mas, e depois?

Não terão, os pobres dos deputados, direito a uma faltazita?

Não poderão ter uma diarreia?

Não poderão ter mil e uma razões para se ausentarem da sala?

É que é demais… É uma perseguição atroz que se faz a esta sacrificada (e muito mal paga) actividade.

Imagine-se:

No começo da sessão estavam quase todos os deputados do PS, 114 em 121, a maioria dos social-democratas, 52 em 75, 10 dos 12 deputados comunistas, 9 dos 12 do CDS-PP, 7 dos 8 parlamentares do BE e os dois deputados de «Os Verdes».

Porém, do total de 230 deputados à Assembleia da República, apenas 110 estavam presentes no momento das votações, e dos 120 ausentes, 13 não tiveram falta porque se encontravam em missão no estrangeiro.

Ficou, assim, inviabilizada a votação das leis, que exige a comparência de mais de metade dos deputados.

Dos 121 deputados do PS, 49 faltaram às votações, ou seja, cerca de 40%.

Só 6 estavam fora em serviço da AR.

Embora apenas 66 deputados do PS estivessem presentes no período de votações, 114 tinham assinado o livro de presenças durante a tarde, e a bancada da maioria foi apenas ultrapassada pela do PSD em número de faltas: faltaram dois terços dos sociais-democratas, ou seja, 50 dos 75 deputados.

Quer dizer, na hora crucial faltaram 107 deputados: 50 do PSD, 49 do PS, 5 do CDS-PP, 2 do PCP e um do BE.

Na maioria socialista faltaram cerca de 40% dos deputados, bem como na bancada do CDS-PP, enquanto o PCP garantiu a presença de 75% dos seus parlamentares, o BE de quase 90% e «Os Verdes» foram o único grupo parlamentar sem faltas.

“O PSD foi assim o partido mais faltoso, com dois terços dos seus deputados ausentes nas votações que antecediam um fim-de-semana prolongado devido ao feriado de sexta-feira e à antecipação da sessão plenária desta quinta-feira para a passada terça-feira”. (Claro que só um espírito mesquinho e aleivoso podia escrever uma coisa destas. Uma torpe insinuação deste calibre!).

E por causa duma coisa destas faz-se um burburinho terrível, um estardalhaço de alto lá com ele!

E começa logo a TSF, com o seu iníquo fórum a acicatar os ânimos.

E toda a gente intervém. E todos criticam. E todos deitam abaixo. E todos atiram pedras. E todos protestam. E ninguém vê nada direito, espumando de raiva, alguns deles…

Uns invejosos!

E não há uma alma que saia em socorro dos pobres coitados dos deputados da Nação!!!

Desestabilizador, esse tal Manuel Acácio. Um incendiário, é que ele foi. Comunista, só pode ser!

Como se os coitados dos deputados tivessem as nossas ricas regalias, os nossos chorudos ordenados e reformas!

Como se fossem pagos pelo erário público…

Nesse caso, sim, podia-se-lhes exigir mais…

Mas é que não.

Ganham um ordenado reles e têm umas reformas miseráveis, e só ao fim de 50 anos de serviço!

Uma injustiça. Uma precipitação é que é isto tudo…

Todo o mundo pensando o mesmo que aquele pérfido texto insinuava…

Mas injustamente, porque afinal os deputados não se “baldaram”, tiveram foi de meter, rapidamente, uma dispensa de assistência à família (a que todos temos direito): é que a enorme família dos madraços, dos chicos-espertos, dos frascários (só para os irritar; calaceiros, se preferirem), dos estroinas, dos logo-se-vê, dos deixa-andar, dos mandriões, dos “desenrascados” mandou o alarme, e eles, contrariados, lá foram, não fosse algum membro da tamanha família correr risco de afogamento nas praias algarvias ou outros perigos noutras estâncias de lazer…

Foi só!...

E depois?

Valha-nos Deus!




SEXUALIDADES


Parecendo que de propósito – mas não – nova coluna sobre a mesma vasta área.

Pura coincidência.

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Passe a (aparente?) versão tropical do machismo latino, aqui numa versão luso-angolana, o artigo de Ferreira Fernandes (já de há uns dois meses atrás) sobre a homossexualidade em geral, e, neste caso, sobre o polémico filme de Ang Lee, Brokeback Mountain, está muito bem escrito. Está carregado de um grande espírito de humor.

Acho que a crítica bem humorada de uma dúzia de linhas pode ser, quantas vezes, mais cáustica e conseguida que páginas e páginas de sorumbática e sonolenta prosa.

Neste caso, é a forma que eu “premeio”, que não tanto a substância – embora o próprio Ferreira Fernandes nos deixe, de algum modo sossegados quando, a final, esclarece: “isto, claro, sou eu a falar, que não sou de nenhuma religião nervosa”.

Não resista. Entre em Ó PRA MIM A BOICOTAR” e divirta-se.

QUE MAIS ESTARÁ PARA ACONTECER?


«Um "sim"

com todas as letras

para ter relações

SUSANA MOREIRA MARQUES, Londres

Não basta achar que
se tem consentimento
para ter sexo. É preciso
ter a certeza - ouvir
um claro "sim", diz
o Governo britânico
aos rapazes ingleses

As vítimas do crime de violação "muitas vezes sentem que são culpadas pela ofensa; não são - são-no os ofensores". Fiona Mactaggart, secretária de Estado, citada numa comunicação de imprensa do Ministério dos Assuntos Internos britânico, faz uma constatação que pode parecer óbvia.
Óbvia também - e, se não fosse tão sério, pareceria piada - é a mensagem que o Governo inglês tenta passar aos homens, sobretudo jovens dos 18 aos 24 anos, na campanha de prevenção do crime de violação que acaba de lançar.
Os primeiros anúncios já foram ontem para o ar, em estações nacionais e locais. Vão passar com mais frequência ao fim-de-semana, principalmente àquela hora que os rapazes se vestem e perfumam, se preparam para sair. Num dos clips, uma voz masculina gaba-se a um amigo: "Pensava que ela estava só a fingir que era difícil..." A história é interrompida: "Se tiveres sexo sem consentimento, podes acabar a contar a tua história em tribunal."
»

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O despacho de Susana Moreira Marques, “desde” Londres (como dizem os jornalistas), é recente. De há poucas semanas.

Eu não estou tão certo, assim, de que seja o governo de Sua Majestade a Real Sogra de Camila Parker Bowles, que está louco.

Que às vezes acontece. Mas talvez não neste caso.

Os governantes emitem notas, recomendações, mensagens e regulamentam a actividade, não dos passarinhos que durante o dia saltitam de galho em galho ou que a partir do fim de tarde pululam e quase nos ensurdecem com a sua vozearia nas copas das árvores, mas dos seu governados.

É claro que a constatação feita por Fiona Mactaggart, secretária de Estado do governo de Anthony Charles Lynton – ou Tony Blair, como o Mundo o conhece – desmontando o ancestral, pudico e freirático complexo, não arrasou velhos fantasmas e ancestrais preconceitos, mas preparou o caminho para “a mensagem que o Governo inglês tenta passar aos homens, sobretudo jovens dos 18 aos 24 anos, na campanha de prevenção do crime de violação que acaba de lançar”.

E assim vai este nosso maravilhoso mundo.

Mas muito mais estaremos para ver.

É só esperar um pouquinho.

O programa segue dentro de momentos.

Não é uma fotografia, é A FOTOGRAFIA


Uma coisa que eu sempre sonhei ser um dia, era fotógrafo.

Mas não um fotógrafo qualquer. Desses que batem chapas para a Flash!, para a “Caras”, para a “TV Guia”…

Desses que fazem de uma Lili Caneças uma criatura normal, que correm atrás da Alexandra Lencastre a cada suspiro dela por um novo namorado, que se acotovelam para fazer um boneco com a Catarina Furtado irremediável e visivelmente grávida, que perseguem um Santana Lopes à cata de outros e mais quentes colos, que brigam para filmar a sagrada família, Maria e Aníbal, que põem um ar sério para retratar um José Castelo Branco numa das suas mais sofisticadas poses gayescas, que rosnam surdos impropérios por não conseguirem trazer de volta a Teresa Guilherme com o Manuel Luís Goucha. Ou a Maria Elisa para o Pinto da Costa.

Um fotógrafo com mais indescortinável mas certo e seguro objectivo…

Um fotógrafo onde o suspense seja a mais adequada moldura para a sua inesquecível obra…

Um fotógrafo a que o sucesso se colará irresistivelmente…

Um fotógrafo cujo nome a História gravará para todo o sempre…

Um fotógrafo de obra única, mas imperecível…

Com cursos básicos feitos em Londres, Banguecoque, Tóquio, Los Angeles, Sidnei, Otava, Paris, Oslo e Alvor; tirocinado em sépia pelas escolas de Belas Artes de São Francisco, Helsínquia, Sampetersburgo, Bucareste, Beijing, Bruxelas e Loulé.

Workshops fotográficos pelo mundo inteiro, desde as experiências de prova de papel com sais de prata, a partir de original em calotipo, passando pelas provas em papel albuminado, até às mais modernas e sofisticadas técnicas – de tudo acautelei o meu retumbante e único – repito - trabalho.

Com um prolongado estágio, como atento observador, em Boliqueime.

Tudo com um objectivo. Um único. Mas de garantido sucesso. De promissor êxito. De seguro e famosíssimo resultado.

Não haverá Emmies, Grammys, Tonies, Golden Globes, SAG Awards ou quaisquer outros Óscar do mundo da fotografia, não haverá prémio de fotojornalismo com que não seja galardoado.

Quer Edward Steichen, ou Frederick William Flower, ou um James Nachtwey, quer mesmo o nosso Eduardo Gageiro e outros vultos da fotografia ficarão relegados para um secundaríssimo e modesto lugar na galeria dos imortais da fotografia.

O meu nome será o maior. A referência ímpar da arte.

E com uma só obra.

Uma única!

O investimento é enorme, mas de máximo e garantido dividendo.

Tarefa nada fácil (que alguns me garantem impossível), aquela a que me proponho, para a concretização da qual tenho, enfim, de fazer exigente consulta dos astros, leitura dos mais experientes astrólogos, análise de boletins meteorológicos, estudo de previsões de ventos e respectivas direcções a curto e médio prazo.

Fácil não será. Mas hei-de estar atento ao momento fatal.

O “boneco”, o primeiro e o derradeiro, que me garantirá a glória, que me lançará na galeria dos inesquecíveis, que me perpetuará o nome e a memória, que me destacará de entre todos os pares, que me valerá todos os encómios, está quase aí:

Um instantâneo de Cavaco Silva com um cabelo (basta um. E… E…) desalinhado.

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A primeira vez que me surgiu a ideia foi com o Engº Guterres.

Mas só se fosse para lhe perpetuar aquele particular jeito de cofiar as melenas.

Porque um certo e ocasional desalinho do cabelo não era difícil de captar. Como o foi. Os raros que aconteceram foram fixados pelas câmaras.

Com o Prof é muito mais difícil (quase diria impossível), já que a Profª Maria lhe despeja na cabeleira “apoupada”, todas as manhãs, uma lata inteirinha de laca, das de 3 dl. Mesmo assim… Vai chegar a hora do meu sucesso (estou em permanente contacto com o Instituto de Meteorologia Nacional…). É uma questão de paciência (que também treinei em Cantão, num mosteiro budista, meses a fio). Mas vai chegar!

MEMÓRIA DO TEMPO QUE PASSA


Este é o espaço em que,

habitualmente,

faço algumas incursões pelo mundo da História.

Recordo factos, revejo acontecimentos,

visito ou revisito lugares,

encontro ou reencontro personalidades.

Datas que são de boa recordação, umas;

outras, de má memória.

Mas é de todos estes eventos e personagens que a História é feita.

Aqui,

as datas são o pretexto para este mergulho no passado.

Que, por vezes,

ajudam a melhor entender o presente

e a prevenir o futuro.

Respondendo a uma interrogação,

continuo a dar relevo ao papado.

Pela importância que sempre teve para o nosso mundo ocidental.

E não só, nos últimos séculos.

Os papas sempre foram,

para muitos, figuras de referência,

e para a generalidade, figuras de relevo;

por vezes, e em diversas épocas, de decisiva importância.

Alguns

(muitos)

não pelas melhores razões.

Mas foram.

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DE ACORDO COM O CALENDÁRIO DA ONU:

1997/2006 - Década Internacional para a Erradicação da Pobreza.

2001/2010 - Década para Redução Gradual da Malária nos Países em Desenvolvimento, especialmente na África.

2001/2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo.

2001/2010 - Década Internacional para a Cultura da Paz e não Violência para com as Crianças do Mundo.

2003/2012 - Década da Alfabetização: Educação para Todos.

2005/2014 - Década das Nações Unidas para a Educação do Desenvolvimento Sustentável.

2005/2015 - Década Internacional "Água para a Vida".

2006 Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação.

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Foi há 487 anos (13.04.1519), numa QA: nasceu, em Florença, Itália, Catarina de Médicis, que viria a ser rainha de França, mulher de Henrique II. Reinava, a esse tempo, em Portugal, D. Manuel I (14º). Chefiava a Igreja Leão X (217º), precisamente um Médicis, filho de Lourenço, o Magnífico.

Catarina era filha de Lourenço de Médicis (não o Magnífico, mas um seu neto), duque de Urbino, e de Madalena de La Tour de Auvergne, condessa de Bolonha.

Catarina era, pois, neta de Pedro de Médicis (1471-1503) que por sua vez era filho de Lourenço, o Magnífico, a quem sucedeu. (Lourenço, o Magnífico, recordo, era neto de Cósimo de Médici – Cosme de Médicis – um dos dois filhos do iniciador da dinastia: João de Médicis).

O consulado de Pedro (1492-1503) foi de má memória. Pedro “não revelou capacidade nem prudência”, sucedendo-se os desastres e os insucessos da sua governação.

Catarina – repito – era neta de Pedro, e a seu pedido foi mandada para um convento, para aí ser educada. Casou, com apenas 14 anos (1533), em Marselha, com o rei de França, Henrique II, filho de Francisco I, a quem sucedeu em 1547. Foi mãe de 9 filhos, entre eles três reis de França: Francisco II, Carlos IX (em cuja menoridade foi regente do reino) e Henrique III.

Durante os primeiros anos de casamento, Catarina teve pouca ou nenhuma influência uma vez que Henrique II vivia controlado pela amante Diana de Poitiers. Mas após a morte do marido, Catarina tornou-se regente dos filhos, primeiro Francisco II e depois Carlos IX.

Acerca dos Médicis, que se notabilizaram na política e no mecenato, será curioso ver a seguinte síntese da Wikipédia: Família Médici.

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Decorreram 425 anos (13.04.1581), era uma QI: Felipe II de Espanha é aclamado rei de Portugal sob o nome de Filipe I (18º). Ocupava o trono pontifício Gregório XIII (226º).

Felipe II (21 de Maio de 1527 - 13 de Setembro de 1598) foi rei de Espanha, entre 1556 e a sua morte, e Rei de Portugal, como Filipe I a partir de 1580. É conhecido em Portugal pelo cognome de O Prudente.

Filho do Imperador Carlos V e de Isabel de Portugal (filha de D. Manuel I), governou um vasto território integrado, na Europa, por Aragão, Castela, Catalunha, Ilhas Canárias, Maiorca, Navarra, Galiza e Valência, Roussillon, Franco-Condado, Países Baixos, Sardenha, Córsega, Sicília, Milão, Nápoles, além de territórios ultramarinos na África (Orão, Túnis, e outros), na América e na Ásia (Filipinas).

Em termos de política externa, obteve uma significativa vitória contra os turcos-otomanos na Batalha de Lepanto (1571).

A 25 de Julho de 1554, tornou-se Rei de Inglaterra através do seu casamento com Maria I de Inglaterra. O projecto de união pessoal dos dois países falhou com a morte de Maria em 1558.

Em 1580, a morte do Cardeal-Rei D. Henrique permitiu-lhe, após luta armada com seu primo D. António (o Prior do Crato, neto de D. Manuel, sobrinho do rei-cardeal), anexar Portugal (e territórios ultramarinos) às suas já vastas possessões, pois descendia do rei Manuel I, através da sua mãe, a princesa Isabel de Portugal.

Filipe - absolutista, que era - não quis, porém, nem tentou, sequer, intervir na política interna de Portugal e entregou o governo do país a um português de sua confiança.

Exemplo de monarca absolutista, o seu governo era exercido com o recurso de Conselheiros e de Secretários Reais, baseados em uma administração fortemente centralizada.

Sob seu governo foi erigido um dos mais importantes monumentos da Espanha - o mosteiro do Escurial, perto de Madrid, que conta com valioso acervo artístico.

Em 1559, terminava a guerra de sessenta anos com a França com a assinatura da Paz de Cateau-Cambrésis. Parte do processo de pacificação passou pelo seu casamento com Elizabeth de Valois (1545-1568), filha de Henrique II de França, que por sinal tinha sido prometida ao seu filho Carlos, descendente do seu primeiro casamento com Maria Manuela. Elizabeth deu-lhe apenas duas filhas, permanecendo o rei sem descendentes masculinos. Seria apenas com o seu quarto casamento, com Ana, filha de Maximiliano II do Sacro-Império, que nasceria o herdeiro ao trono, Filipe II (Felipe III de Espanha).

Uma boa ocasião, esta, para recordar essas colectâneas de leis avulsas que se chamaram “Ordenações.

Os códigos (composições metódicas e articuladas de disposições legais sobre áreas específicas), esses só viriam no século XIX.

Existe uma colectânea conhecida por Ordenações de D. Duarte, de carácter particular, que compreende leis de D. Afonso II a D. Duarte e consta de um manuscrito do início do século XV, arquivado na Biblioteca Nacional de Lisboa.

A esta colectânea, geralmente, não se faz referência, já que, não tendo carácter oficial, também não foram favorecidas pela publicidade que as seguintes tiveram.

Ordenações Afonsinas: são uma colectânea de leis promulgadas, como primeira compilação oficial do século XV, durante o reinado de D. Afonso V. Várias vezes as Cortes tinham pedido a D. João I a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça. Para levar a cabo essa obra, designou D. Duarte o doutor Rui Fernandes, que acabaria o trabalho em 1446 em Arruda.

Ordenações Manuelinas: com este nome se designa a nova codificação que D. Manuel I promulgou, em 1521, para substituir as Ordenações Afonsinas. Para explicar esta decisão do rei apontam-se dois motivos fundamentais: a descoberta da imprensa e a necessidade de correcção e actualização das normas, assim como a modernização do estilo afonsino; além disso, talvez o monarca tivesse querido acrescentar às glórias do seu reinado uma obra legislativa. Em 1514 faz-se a primeira edição completa dos cinco livros das Ordenações Manuelinas. A versão definitiva foi publicada em 1521.

Ordenações Filipinas: esta compilação jurídica resultou da reforma do “código” manuelino, como consequência do domínio castelhano, tendo sido mais tarde confirmada por D. João IV. Mais uma vez se fez sentir a necessidade de novas ordenações que representassem a expressão coordenada do direito vigente. A obra ficou pronta ainda no tempo de Filipe I, que a sancionou em 1595, mas só foi definitivamente mandada observar, após a sua impressão em 1603, quando já reinava Filipe II.

(Fonte: transcrições da Wikipédia, a enciclopédia livre)

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Foi há 408 anos (13.04.1598), uma SG: Henrique IV, de França, emite o Édito de Nantes, dando liberdade religiosa aos huguenotes. Reinava em Portugal Filipe I (18º). A Igreja era dirigida pelo papa Clemente VIII (231º).

Huguenotes era, como se sabe, expressãopejorativa, mas comumcom que os católicos franceses antigamente se referiam aos calvinistas.

A origem da expressão huguenotes, nem vale a pena abordá-la, tais as nuvens que se adensam à sua volta. Etimologistas e historiadores discutem, mas não se entendem nem apresentam conclusões convincentes.

O Édito de Nantes foi um documento histórico, pois concedia aos huguenotes a garantia de tolerância após 36 anos de perseguição e massacre por todo o país, com destaque para o Massacre da noite de São Bartolomeu de 1572.

Com este édito ficava estipulado que a confissão católica permanecia a religião oficial do Estado, contudo, aos calvinistas franceses era reconhecida, oficialmente, a liberdade de praticarem o seu próprio culto.

Oitenta e sete anos mais tarde, a intolerância religiosa estaria de volta. A 23 de Outubro de 1685, Luís XIV revogaria o Édito de Nantes com o Édito de Fontainebleau. Os huguenotes voltariam a ser perseguidos e muitos deles fugiriam para o estrangeiro: para a Prússia, para os EUA e África do Sul.

Henrique IV (13 de Dezembro de 1553-14 de Maio de 1610), chamado O Grande, foi o primeiro rei de França pertencente à família Bourbon. Casou com Maria de Médicis, de quem teve o seu sucessor, Luís XIII, durante a menoridade do qual a rainha foi regente. (Veja-se, acima, no primeiro ponto desta “memória”, a Família Médicis).

Henrique IV reinou entre 1589 e o ano da sua morte, em 1610. Antes de subir ao trono, era protestante, mas para conseguir o apoio popular que o permitisse tornar-se rei de França, converteu-se ao catolicismo e assinou o Édito de Nantes, que concedia liberdades religiosas aos protestantes e que na prática acabou com a guerra civil.

Foi um dos reis mais populares da França (quer durante, quer depois do seu reinado), e praticou uma tolerância religiosa absolutamente fora do comum no seu tempo. Na França, Henrique IV era (e continua a ser) chamado informalmente de le bon roi Henri.

Sucedeu a Henrique III e foi sucedido por Luís XIII.

Ficou célebre a sua frase, pronunciada com o apoio do grande amor de sua vida, Gabrielle d'Estrée, a 25 de Julho de 1593, quando definitivamente renunciava ao protestantismo: "Paris vaut bien une messe".

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Foi há 311 anos (13.04.1695), numa QA: morreu, em Paris, Jean de La Fontaine, escritor francês. Reinava, em Portugal, D. Pedro II (23º). Pontificava Inocêncio XII (242º).

La Fontaine nasceu em França, em Chateau-THierry, a 08JUL1621

Publica sucessivas recolhas de Contos e, em 1668, aparecem os seis primeiros volumes de Fables Choisies Mise en Vers que atingirão em 1694 o décimo segundo volume”.

Na verdade, La Fontaine celebrizou-se, sobretudo, pelas suas fábulas “escritas num estilo simultaneamente simples e subtil, constituindo um conjunto harmonioso e sensível, cujo brilho se mantém intacto até hoje.

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Foi há 263 anos (13.04.1743), um SB: nasceu, em Shadwell, Albermale County, na colónia britânica da Virgínia, na América, Thomas Jefferson, 3º presidente dos EUA. Em Portugal reinava D. João V (24º). Em Roma pontificava Bento XIV (247º).

"Eu temo pela minha espécie

quando penso que Deus é justo."

(Thomas Jefferson)

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O primeiro acontecimento que tornaria célebre Thomas Jefferson, foi a Declaração de Independência (1776), da sua autoria. Foi governador do estado da Virgínia (donde era natural e onde morreu em 1826) – cuja Universidade fundou. Fundou, também, o Partido Federalista, que está na génese do actual Partido Republicano.

Antes de se tornar no terceiro presidente dos EUA, foi embaixador do seu país em França e foi o primeiro secretário de Estado dum governo americano.

Foi um paladino da luta pela independência e consolidação do Estado.

Foi presidente de 1801 a 1809. “Reclamou o direito de voto para todos os cidadãos americanos, criando assim a ‘tradição jeffersoniana’, orgulho da democracia americana.”

Facto hoje surpreendente, mas, na altura nada estranho: comprou a Louisiana à França.

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[A este propósito,

recordo que anos mais tarde, em 1867,

os EUA também compraram, agora à Rússia,

o Alasca (separado desta uns 80 Km – pelo estreito de Bering),

pelo preço de 7 200 000 dólares.]

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Jefferson morreu, com 83 anos, em Monticello, Virgínia, aos 04JUL1826, no dia em que se comemorava o 50º aniversário da independência dos EU.

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Estão decorridos 177 anos (13.04.1829), era uma SG: o parlamento britânico concede liberdade de religião aos católicos. Era ainda rei de Inglaterra, da Irlanda e de Hanôver, Jorge IV (12.08.1762-26.06.1830). Em Portugal reinava D. Miguel (29º). Pontificava, desde dias antes, o italiano Francesco Xaviero Castiglioni, com o nome de Pio VIII (253º).

O extravagante Jorge IV era oriundo da Casa de Hanôver, e antes de subir trono, em 1820, já tinha sido regente de seu pai, Jorge III (1811-1820), devido à insanidade mental deste, que lhe valeu o cognome de O Louco.

Em 1795 casou, em segundas núpcias, com a princesa Carolina de Brunswick, “em troca do pagamento das suas dívidas”, de quem teve uma única filha, Carlota, Princesa de Gales, que viria a casar com Leopoldo de Saxe-Coburg (futuro Rei dos Belgas). Como a princesa, sua filha, morreu em 1817, sucedeu-lhe seu irmão, Guilherme IV.

São do tempo da sua regência e do seu reinado as Guerras Napoleónicas. Como foi no final do seu reinado que o parlamento aprovou a emancipação dos católicos, hoje comemorada.

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Foi há 160 anos (1846), uma SG: em Lisboa é inaugurado oficialmente, pela própria rainha reinante, D. Maria II (30ª), o Teatro Nacional com o seu nome. Soberano Pontífice era Gregório XVI (254º).

Foi inaugurado nove dias depois de a rainha ter feito 27 anos.

O grande impulsionador da ideia da criação do monumento foi Almeida Garrett que, por portaria régia, fora incumbido de elaborar um plano de renovação do teatro em Portugal.

A sua construção foi objecto de polémica e foi dificultada por vários obstáculos, desde logo pela existência de um lençol de água, que ameaçava as suas fundações, e que logo lhe valeu o epíteto de «O Agrião». Porém, embora com um atraso de cinco anos relativamente à data prevista, o projecto do arquitecto italiano Furtonato Lodi viu, finalmente, concretizada a sua realização, no Rossio (Praça D. Pedro IV).

Subiu à cena na data da inauguração o drama histórico Álvaro Gonçalves, o Magriço ou os Doze de Inglaterra, de Jacinto Heliodoro de Faria Aguiar de Loureiro.

Das várias sociedades que exploraram este espaço cultural merecem especial destaque a que foi a primeira companhia moderna portuguesa - formada pelos cinco actores mais célebres da época, Eduardo Brazão, Virgínia, Rosa Damasceno e os irmãos João Rosa e Augusto Rosadesde finais do séc XIX e durante o primeiro quartel do séc XX, e depois a companhia Rey Colaço/Robles Monteiro (1926-1974), que se estreou com a peça Peraltas e Sécias. Com esta companhia foram levadas à cena peças de autores nacionais, clássicos e contemporâneos, dos quais se destacam: Gil Vicente, Camões, Garrett, Correia Garção e estrangeiros como Garcia Lorca, Jean Cocteau, Bernard Shaw, Edward Alber, Arthur Miller e Luigi Pirandello. Durante o período de vigência desta companhia, distinguiram-se na representação: Amélia Rey Colaço, Raul de Carvalho, Maria Lalande, Álvaro Benamor, Palmira Bastos, Lucília Simões, Alves da Cunha, Estêvão Amarante e Maria Matos, entre outros.

Depois da República, e até 1939, foi chamado Teatro Nacional de Almeida Garrett, em memória do seu fundador.

No seu período áureo foram representadas sobretudo peças do repertório clássico, como Frei Luís de Sousa, A Castro, As Árvores Morrem de Pé, Visita da Velha Senhora, Romeu e Julieta, Crime e Castigo, O Leque de Lady Windermere, Antígona, Benilde ou a Virgem-Mãe e Sonho de Uma Noite de Verão.

Na madrugada de 2 de Dezembro de 1964, após a representação de MacBeth, deflagrou um incêndio que destruiu por completo o Teatro, apenas se salvando as paredes mestras. A reconstrução do Teatro Nacional D. Maria II demorou catorze anos, sendo o arquitecto Rebello de Andrade responsável pelo projecto. Reabriu a 11 de Maio de 1978, sob a tutela do Estado.

Alguns dos seus maiores êxitos, a partir de então, foram: Felizmente Há Luar! (1978), de Luís de Sttau Monteiro, As Alegres Comadres de Windsor (1978), de Shakespeare, As Três Irmãs (1980), de Tchekov, Fígados de Tigre (1984), de Gomes de Amorim, O Morgado de Fafe em Lisboa (1985), de Camilo Castelo Branco, e Mãe Coragem (1986), de Bertolt Brecht, com encenação de José Lourenço e interpretações de Eunice Muñoz, Rui de Carvalho, Irene Cruz e Rogério Paulo. Em 1991, foi levado à cena o espectáculo musical Passa Por Mim, no Rossio, de Filipe La Féria, que esteve em cartaz mais de um ano, sendo visto por mais de 310 mil espectadores, um número recorde na história do teatro em Portugal.

(Fonte: essencialmente BU, da Texto Editora)

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Celebra-se hoje o centenário do nascimento de Samuel Beckett (1906-2006).

Esse dia 13.04.1906 ocorreu numa SX. Era Sexta-feira Santa. Em Portugal reinava D. Carlos (33º). No Vaticano pontificava o papa Pio X (257º).

"O maior delito do homem é o de haver nascido"

- afirmou um dia

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Beckett nasceu num subúrbio de Dublin na referida data, embora o registo de nascimento seja de um mês depois, de 13 de Maio. E morreu em Paris, em 22.12.1989.

Fixou-se em Paris em 1938, e a partir de 1947 escreve quase só em francês. Na sua obra, mormente na dramática, em que sobretudo se distinguiu, “espelha-se o absurdo de uma condição humana sem valores e sem Deus, abandonada a si própria à espera de algo que não virá nunca (En Attendant Godot, 1953)”.

Foi Prémio Nobel da Literatura em 1969.

Acerca de Beckett escreveu, em 1954, o dramaturgo britânico Harold Pinter, um dos mais importantes renovadores do teatro do absurdo, Nobel da Literatura de 2005:

“Quanto mais longe ele vai mais bem me faz. Não quero filosofias, panfletos, dogmas, credos, saídas, verdades, respostas, nada a preço de saldo. Ele é o escritor mais corajoso e implacável que aí anda e quanto mais me esfrega o nariz na merda mais reconhecido lhe fico. Não se põe a gozar com a minha cara, não está a levar-me à certa, não me vem com piscadelas de olho, não me oferece um remédio nem um caminho nem uma revelação nem um balde cheio de migalhas, não me está a vender nada que não queira comprar, está-se borrifando para se eu compro ou não, não tem a mão sobre o coração. Bom, vou comprar-lhe a mercadoria toda, de fio a pavio, porque ele espreita debaixo de cada pedra e não deixa nenhum verme sozinho. Faz nascer um corpo de beleza. A sua obra é bela.
Harold Pinter, 1954”

Na edição de hoje (QI 13ABR2006), o Público dedica-lhe várias páginas.

Em artigo de Joana Gorjão Henriques (JGH) podia ler-se:

«Limpou do palco tudo o que é acessório reduzindo-o ao essencial. Criou tensão dramática com a inacção e fez do aborrecimento um tema. Escreveu peças sem "argumento", com personagens sem história e sem passado, e instituiu o monólogo. Este minimalismo de Samuel Beckett, que faria hoje 100 anos, revolucionou o teatro há meio século e, concordam especialistas, ainda não foi superado.»

Mais adiante, continua a mesma jornalista:

«À Espera de Godot não é para alguns a obra preferida, mas é para muitos a única que conhecem. Foi esta peça de 1953, a primeira a ser encenada, que mudou o teatro: não se passa nada, apenas duas personagens matam o tempo com repetições, à espera que chegue Godot. Aqui Beckett mistura o music-hall, o burlesco, o vaudeville, Buster Keaton e Chaplin. Quando estreou, em Paris e em francês, o dramaturgo Jean Anouilh escreveu: "É uma obra-prima que vai causar desespero aos homens em geral e aos dramaturgos em particular." O primeiro encenador da peça em inglês, Peter Hall, explica porquê no Guardian: "Godot oferecia um palco vazio, uma árvore e duas figuras que esperavam e sobreviviam. Nós imaginamos o resto. O palco era uma imagem da vida a passar - na esperança, desespero, companheirismo e solidão (...). Desde Godot que o palco é um lugar de fantasia." E de humor, porque Beckett também é um mestre da ironia.»

Noutra peça, e a propósito de uma entrevista que fez a Pierre Chabert, JGH conta-nos:

«"Não fazia qualquer tipo de concessões" [diz o entrevistado].

Pierre Chabert foi amigo de Beckett, que o dirigiu em várias peças. Conta que o dramaturgo era um homem de grande rigor, "extremamente brilhante" e que, apesar do seu sucesso,
nunca repetiu formas»

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[Pierre Chabert deu esta entrevista ontem

(QA 12.04.06)

no S. Luís, em Lisboa,

onde hoje vai falar, às seis da tarde,

na homenagem a Beckett.]

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«Quando em 1969 recebeu o Prémio Nobel da Literatura, refugiou-se num hotel em Cascais, conta Anthony Cronin, autor da biografia The Last Modernist (ed. Flamingo), e não foi receber o prémio à Academia Sueca» – recorda numa outra peça a mesma jornalista.

«A partir de 1947 seguiu-se um dos seus períodos mais produtivos, referem os especialistas: escreveu a primeira peça Eleutheria (nunca encenada em vida), À Espera de Godot, (em pouco mais de três meses), acabou as duas partes da sua trilogia considerada a sua obra de ficção mais importante, Molloy e Malone Morre - terminou O Inominável em 1956.
Depois de muitos esforços, em 1953 Suzanne encontrou um encenador para Godot, Roger Blin. A peça estreou-se mais tarde em Londres, já depois de Beckett ter acabado Fim de Partida, mas não recebeu boas críticas. Seguiram-se Todos Os Que Caem, para rádio, A Última Bobina de Krapp e Dias Felizes, o argumento para Film, e peças para o palco, televisão e rádio como Play e Eh Joe.
Depois do Nobel, escreveu as suas peças mais minimalistas, Não Eu, para a sua musa Billie Whitelaw, Aquela Vez e Embalada. Nos anos 80 escreveu Company, III Seen III Said e Worstward Ho que especialistas viram como o culminar do seu esforço em destilar a prosa. Sobressaltos (1988), prosa, e Que Palavra Será, poesia, foram os últimos textos»
- transcrevo, ainda, de JGH.

«Passeando num dia de céu azul, alguém perguntou se isso não o fazia feliz. Beckett respondeu: "Não iria tão longe".

"Por que não?", respondia Samuel Beckett sobre assuntos ligados às suas obras quando alguém lhe perguntava "porquê?". Ou então, quando queriam saber quem era Godot, a personagem que nunca chega em À Espera de Godot: "Se soubesse, tinha-o escrito na peça."
Beckett fugia dos jornalistas, raramente explicava aos actores as suas personagens e achava que as suas obras falavam por si»
- volto a transcrever JGH.

É uma afirmação repetida por todos os críticos: Beckett não é para se entender.

Realmente, veja-se: “ser um artista é falhar como mais ninguém se atreve a falhar”, escreveu em Duthuit Dialogues, para repetir em Worstward Ho: "Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor".

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Foi há 69 anos (1937), uma TR: nasceu Carlos Avilez, encenador e actor português. Era PR, e seria, por muitos mais anos, até morrer, o general Carmona. Em posição aparente e formalmente menos importante, estava o idolatrado (por poucos) líder, Salazar. Pontificava Pio XI (259º).

Carlos Avilez começou no Teatro Universitário, passou pelo Teatro Experimental de Lisboa e pelo Teatro Nacional (onde se estreou como profissional em 1956). Foi co-fundador, em 1965, do Teatro Experimental de Cascais de que foi director e “onde apresentou muitas das suas encenações, sempre interpelantes e algumas vezes polémicas”. Foi director do Teatro Nacional de 1993 a 2000.

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Foi há 45 anos (13.04.1961), uma QI: desencadeia-se e é imediatamente sufocada uma tentativa de golpe militar que visava derrubar o governo de Salazar. O abúlico, servil e pouco dotado Américo Tomás era então o PR, para o cargo designado pelo todo poderoso chefe do governo e da “situação”, Salazar, atendendo à sua dócil índole e indefectível fidelidade. Em Roma pontificava o “Bom Papa João”, João XXIII (261º).

Esta sublevação fez-se de conluio com elementos das forças armadas, entre os quais se encontrava o ministro da Defesa, general Júlio Botelho Moniz, que intentou, junto do Presidente da República, a demissão de Salazar.

O general Botelho Moniz (1900-1970) foi observador do Exército Português durante a Segunda Guerra Mundial, Ministro do Interior e chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Foi, mais tarde, Ministro da Defesa, substituindo Santos Costa.

Além disso fora adido militar em Washington e, através da NATO, mantinha estreitas relações com as autoridades militares americanas, sendo uma personalidade altamente considerada nos meios americanos.

A pressão internacional acerca da problemática colonial portuguesa tornou-se insuportável para alguns conservadores mais clarividentes.

O general, em Abril de 1961 procede ao, assim designado, golpe Botelho Moniz, juntamente com Craveiro Lopes, Costa Gomes e outras personalidades.

“O golpe Botelho Moniz foi, segundo alguns historiadores, uma tentativa de golpe de Estado. A suposta denúncia, onde o general Kaúlza de Arriaga deteve um papel importante, levou à demissão de vários dos mais altos chefes militares. O insucesso deveu-se, sobretudo, às falhas de organização dos implicados.”

Ver, acerca da matéria e do seu contexto histórico, a importante peça, no site do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais, Tentativas de inflexão da Política Ultramarina.

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Foi há 31 anos (1975), um DM: começa a guerra civil libanesa que duraria 15 anos e causou mais de 150 mil mortos.

A efeméride é recordada no Público de 13.04.2005, por Alexandra Prado Coelho, num artigo intitulado: «Gloria Gaynor cantava I will survive no meio das bombas».

Em jeito de introdução, escreve: «Checkpoints, carros armadilhados, raptos de ocidentais, assaltos a bancos e massacres, guerrilheiros palestinianos, milicianos cristãos e muçulmanos, ingerências da Síria e de Israel - o conflito libanês teve de tudo.»

Depois regista, designadamente: «A guerra civil libanesa durou 15 anos e causou mais de 150 mil mortos. Mas tem, como tudo, o seu momento fundador, o incidente que fez explodir as tensões há muito existentes entre os vários grupos étnicos, religiosos, clãs e famílias políticas: o assassínio de 27 palestinianos que viajavam num autocarro no dia 13 de Abril de 1975.
O autocarro atravessava o bairro de Ain al - Rumaneh, um subúrbio de Beirute, quando milicianos falangistas cristãos abriram fogo e mataram todos os ocupantes. Nos três dias seguintes, os confrontos entre cristãos maronitas, por um lado, e os palestinianos aliados a grupos muçulmanos e da esquerda libanesa (a coligação islamo - progressista), por outro, provocam 300 mortos.»

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Foi há 19 anos (1987), uma SG: Portugal e China assinam o acordo de transferência da administração de Macau, a realizar em 20.12.1999. O acordo, por parte de Portugal, foi assinado pelo primeiro-ministro de então, Aníbal Cavaco Silva. Era PR o Dr Mário Soares. Pontificava, ainda, João Paulo II (264º).

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Foi há 16 anos (13.04.1989), morreu D. António Ferreira Gomes, aos 83 anos, bispo do Porto. Decorria o mandato presidencial do Dr Mário Soares. Pontificava, ainda, João Paulo II.

“A Igreja deverá pregar a não violência activa

e a objecção de consciência,

como meios mais eficazes e de base mais cristã

para forçar a solução de situações injustas.

Com a preferência por estes meios,

não queremos excluir

o direito à resistência activa

contra uma tirania evidente e prolongada”

- escreveu um dia o bispo do Porto

Nasceu a 10 de Maio de 1906 na freguesia de Milhundos, no concelho de Penafiel. Doutorou-se em Roma, na Universidade Gregoriana, em filosofia e em teologia, no ano de 1928. Designado bispo do Porto em 1952. Em 1954 promove, no Porto, uma marcha de silêncio contra a opressão da Igreja nos países de Leste.

“Em 1958 teve lugar um incidente relacionado com as eleições para a presidência da República, explorado tanto pela oposição como pelo regime salazarista e que teve como consequência confundir a sua acção pastoral com um facto muito mal esclarecido. D. António Ferreira Gomes foi aconselhado a sair do país.”

O que se acaba de relatar, é uma forma soft de dizer aquilo que então correu mundo: tinham-se realizado as eleições em que a UN (Salazar, é evidente, toda a gente sabia) tinha proposto a candidatura do “frouxo e inábil” almirante Américo Tomás (mas feroz defensor da situação e do seu tutor: Salazar). Pela oposição tinha dado brado a candidatura do General Humberto Delgado que - não sendo de forma nenhuma um esquerdista, muito ao contrário – teve no entanto a ousadia de se opor a Salazar (acerca de quem disse a frase que ficou célebre: “obviamente, demito-o”). Rezam as crónicas que Delgado só não ganhou as eleições devido às “costumadas” manobras de bastidores, no manuseamento dos cadernos eleitorais e das urnas… Ora foi neste ambiente escaldante que o bispo do Porto, em 13JUL, escreveu uma carta a Salazar, em termos muito contundentes, o que levou o ditador a desterrá-lo.

D. António Ferreira Gomes teve a coragem (!?), a ousadia – na perspectiva do poder de então – de confrontar o líder do regime, Salazar, com a pobreza do país e com a sua prolongada tirania.

D. António participou no Concílio Vaticano II e voltou ao Porto em 1969, retomando as suas funções, a “convite”, disse-se, de Marcelo Caetano.

D. António Ferreira Gomes deixou instruções testamentárias para a criação de uma fundação – SPES – instituída com os seus bens e destinada a fins de beneficência, educação e cultura.

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